Ponte provisória instalada na PR-151 entre São João do Triunfo e São Mateus do Sul| Foto: Jonas Oliveira/ AEN/ Divulgação

GUIA

O TCE-PR colocou à disposição dos prefeitos das cidades atingidas pelas chuvas um guia para orientar as administrações municipais sobre os procedimentos necessários para se decretar situações de emergência ou calamidade após desastres naturais. A cartilha traz informações que vão desde a fase de declaração até a gestão da crise. O guia está disponível no site do Tribunal (www.tce.pr.gov.br) na aba "Municipal".

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Litoral

Liberação parcial da Graciosa é adiada pela segunda vez

Oswaldo Eustáquio, correspondente

A liberação de meia-pista da Estrada da Graciosa, programada para o dia 15 de junho, foi adiada pela segunda vez e frustrou a expectativa dos comerciantes de atender os turistas que vieram ver os jogos da Copa em Curitiba. O último jogo na capital será no dia 26.

O proprietário de uma banca de pastéis, Jeferson Dias, dispensou cinco funcionários por falta de trabalho. "Estávamos nos preparando para tentar recuperar um pouco do prejuízo no período dos jogos, mas infelizmente isso não será possível."

Em nota, o DER informou que, devido às chuvas das últimas semanas, as equipes contratadas pelo Departamento tiveram de reduzir os trabalhos na Graciosa. "Por causa da umidade do solo, as máquinas não conseguem ter acesso ao local onde a ponte está sendo construída. O DER-PR estima que a ponte que permitirá o tráfego de veículos em meia pista seja liberada até o fim de junho", diz trecho da nota. Atualmente, os serviços estão sendo feitos na base da ponte. Ainda segundo o órgão, a conclusão total das obras está prevista para setembro.

O presidente da Associação dos Comerciantes da Estrada da Graciosa, Gilton Dias, diz que há descaso do poder público. "Mesmo com chuva, a maioria das obras para Copa foram concluídas. Não houve o mesmo empenho na Graciosa. Espero que não seja mais adiada a liberação da meia-pista, pois queremos trabalhar ao menos nas férias de julho."

Chuva atrasou obra de recuperação da Estrada da Graciosa

A reconstrução das rodovias paranaenses afetadas pelas chuvas pode estar longe de começar devido à burocracia para a liberação de recursos. Embora na terça-feira o governador Beto Richa tenha anunciado um pedido de auxílio de R$ 160 milhões – para reparar um trecho de 1,7 mil quilômetros de estradas estaduais –, até a tarde de ontem, a solicitação não havia chegado ao governo federal. O Ministério da Integração Nacional informou ter recebido só um pedido de R$ 3,15 milhões para a compra de óleo diesel, que deve ser utilizado na reconstrução de estradas rurais. O recurso também está travado em Brasília por falta de um plano de trabalho, que, segundo o ministério, já está sendo providenciado pelo Paraná.

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O governo estadual tem consciência de que, sem um plano de trabalho, o recurso federal para a reconstrução da malha rodoviária não será liberado. Mesmo assim, o documento não foi feito, uma vez que ainda há rodovias embaixo d’água. A assessoria de imprensa do Palácio Iguaçu admite que o plano só será confeccionado quando todas as rodovias danificadas estiverem mapeadas. A justificativa é a "experiência de 2011", quando requisições parciais sobre estragos no Litoral não teriam sido suficientes para a liberação de verbas.

Interditados

Até a noite de ontem, o estado tinha 11 pontos interditados em rodovias – três federais e oito estaduais. Em Maringá (noroeste), não há mais interdições. Na parte da manhã, após uma semana e meia de interdição, o trecho da PR-151, que liga os municípios de São João do Triunfo e São Mateus do Sul, foi liberado para o tráfego graças à instalação de uma ponte móvel do Exército no ponto da rodovia arrancado pela correnteza. As pancadas de chuva registradas ontem nos municípios da região não voltaram a causar danos. Segundo o governo federal, a implantação de três pontes móveis no Paraná custou R$ 570 mil.

Depois de oito dias parada devido à queda de barreiras, a Ferroeste também voltou a operar na madrugada de ontem. Os dois primeiros trens a circular pela ferrovia foram um graneleiro, saindo de Cascavel em direção a Guarapuava, e um carregado de cimento, no sentido oposto. No momento, a movimentação de trens se limita ao trecho Cascavel-Guarapuava, uma vez que o trecho da ALL entre Guarapuava e Desvio Ribas ainda não foi liberado. No total, nove barreiras foram removidas dos trilhos. A recuperação de um aterro no km 87, entre Goixim e Cantagalo, foi a parte mais crítica do trabalho.

PR aguarda o balanço dos prejuízos

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A mesma lógica de enviar a documentação ao governo federal só quando a totalidade da situação for conhecida é seguida pelo Paraná no levantamento dos prejuízos da chuva nos 163 municípios afetados. Em União da Vitória, que demandará um montante considerável, ainda é difícil fazer um balanço das perdas. "A água ainda está no mesmo nível, não tem como. O Rio Iguaçu chegou a 8,13 metros [na terça] e hoje [ontem] está com 8,11 metros. Está baixando 1 cm ao dia, mas pode ser que depois vá mais rápido", diz o capitão Emerson Ferreira, da Defesa Civil.

R$ 2,1 milhões ainda não foram depositados

Um extrato bancário conferido pela Defesa Civil, na tarde de ontem, revelou que os R$ 2,1 milhões para ajuda humanitária prometidos pela presidente Dilma e autorizado por portaria, ainda não foram depositados na conta do Paraná. A informação é da assessoria do governo do estado. O dinheiro será destinado à compra de 10 mil kits de alimentos (R$ 825,8 mil) e oito mil kits dormitórios (R$ 1,3 milhão).

Em seu discurso ontem, o senador Álvaro Dias (PSDB) pediu agilidade ao governo federal na ajuda aos municípios paranaenses. "A presidente Dilma sobrevoou áreas atingidas e prometeu liberar mais recursos. Até agora foram quase R$ 3,9 milhões. A esperança é de que realmente o governo federal possa, enfim, ser eficiente na liberação de recursos e ações para o Paraná", disse.

Balanço da Defesa Civil atualizado na noite de ontem apontava 30 mil desalojados e 3 mil desabrigados em 163 municípios. A pior situação ainda é a de União da Vitória, que tem mais de 12,5 mil pessoas fora de suas casas. No total, 787 mil paranaenses foram afetados de alguma forma pelas chuvas. Mais de 15 mil residências foram danificadas e 105, destruídas.

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Colaborou Derek Kubaski e Kelli Kadanus, especial para a Gazeta do Povo