Presidente dos EUA critica modelo da Venezuela

Washington – Em entrevista a jornalistas na Casa Branca, o presidente norte-americano aparentou confiança ao falar da viagem pela América Latina, mas deixou entrever que não há só "amigos" na região e que a visita ao Brasil pode sim servir para tentar esvaziar a influência do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Para Bush, o modelo "bolivariano" leva à pobreza. Ele ainda desmereceu a transição de Cuba.

"Acredito, firmemente, que empresas estatais são ineficientes e vão causar mais pobreza. Se o Estado tenta conduzir a economia, ele acaba trazendo mais miséria e reduzindo as oportunidades", disse, numa referência à Venezuela. "Transição não significa mudar de uma figura para outra, mas sim transição de um tipo de governo para um tipo diferente de governo", afirmou, ao falar da substituição do presidente de Cuba, Fidel Castro, pelo irmão Raúl Castro.

Bush ainda mostrou franqueza incomum em presidentes. "As pessoas não deveriam dar como certo que os Estados Unidos querem fechar acordos de livre comércio. Na realidade, há um forte protecionismo nos EUA", admitiu, sobre as chances de assinar um acordo bilateral de comércio na passagem pelo Uruguai.

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São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chega hoje à tarde a São Paulo sob um fortíssimo esquema de segurança. Pelo menos 1,3 mil policiais militares e civis, além de agentes de segurança norte-americanos, do Exército brasileiro e da Polícia Federal, farão a segurança de Bush, que só amanhã se reúne com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O trajeto da comitiva de Bush entre o aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, até o hotel onde ele ficará hospedado (provavelmente o Hotel Hilton) deve ser feito de carro. O trânsito nas ruas e avenidas onde a comitiva presidencial for passar deverá ser interditado. Cerca de 350 viaturas policiais estarão a postos para garantir a segurança do presidente norte-americano.

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Entrevista

Na antevéspera da chegada ao Brasil, o presidente Bush concedeu uma entrevista em Washington a jornalistas da América Latina em que deu o tom da visita. Confirmou o interesse em firmar uma aliança estratégica com o Brasil para desenvolver um mercado mundial de álcool (etanol) e também aproveitou para criticar o modelo bolivariano de desenvolvimento propagado por Hugo Chávez, presidente Venezuelano (leia mais na outra reportagem desta página).

Bush admitiu que os Estados Unidos pretendem tornar-se menos dependentes do petróleo como fonte de energia e que, ao firmar uma parceria com o Brasil, podem disseminar a tecnologia do etanol por outros países da região – além, obviamente, da possibilidade de comprar álcool combustível brasileiro.

Álcool

A projeção do governo dos EUA é de que o país vá consumir 35 bilhões de galões álcool no futuro (o equivalente a 132,5 bilhões de litros). O Brasil produz hoje 17,4 bilhões de litros anuais, o equivalente a 13% dessa previsão.

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"As implicações políticas disso são profundas porque nós vamos nos tornar menos dependentes de petróleo, o que é bom para a segurança nacional, e isso nos ajudará a sermos bons representantes do meio ambiente", disse o presidente norte-americano. "Eu acredito que os EUA e o Brasil podem trabalhar juntos para compartilhar tecnologia com outros países da região, tornando-os menos dependentes de petróleo. Isso é importante porque a dependência do petróleo expõe as economias aos caprichos do mercado."

Bush também elogiou o presidente Lula. "Nós viemos de tendências políticas diferentes, eu admito. Mas, apesar disso quando escutamos de forma cuidadosa, achamos objetivos comuns." Para Bush, dentre os objetivos comuns dele e de Lula estariam a preocupação com os pobres e com a promoção dos direitos humanos.