Para tentar agilizar o processo de aprovação da vacina contra a dengue, o Instituto Butantan já estuda testá-la em outros países além do Brasil. Enquanto espera a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes em território nacional, o instituto conversa com órgãos de vigilância sanitária estrangeiros. “Já estive com o presidente da Anvisa da Índia e ele se mostrou interessado em entrar nesse estudo de fase 3. Na semana que vem vamos ter uma visita de uma delegação indiana”, disse Jorge Kalil, diretor do Butantan, após participar de um fórum de saúde realizado nesta sexta-feira (8) em São Paulo.
O teste em países do exterior seria uma alternativa caso não haja casos de dengue suficientes nos locais de teste no Brasil, uma vez que o período de pico da doença vai até maio e os testes seriam iniciados, na melhor das hipóteses, somente em junho. “Precisamos ter dengue no local para testar a eficácia. Só sei se a vacina protege se tiver o desafio”, explicou Kalil.
A agência brasileira tem até o fim de maio para responder ao pedido de autorização de testes do instituto. “Assim que a Anvisa sinalizar, eu já começo o trabalho. Já tenho 13 mil doses de vacina prontas e já tenho os centros de pesquisa. Muitos já foram capacitados, outros estão em fase de treinamento”, afirmou.
O tempo de testes depende da incidência de dengue nas localidades participantes e da evolução do estudo, mas o instituto trabalha com uma meta de iniciar a vacinação no País ainda em 2016.
“Se iniciarmos os testes logo após a aprovação da Anvisa, calculo que no começo do ano eu já tenha dados suficientes para pedir o registro do produto. Aí demora mais uns meses para a avaliação. A vacina estaria disponível no final do primeiro semestre ou início do segundo. Talvez a gente não consiga, mas estamos tentando”, afirmou Kalil.
Presente no mesmo evento, o presidente da Anvisa, Ivo Bucaresky, foi menos otimista em suas previsões. Ele afirmou que o período de testes de novos medicamentos costuma ser superior a 12 meses e que, após a conclusão dessa fase, a Anvisa ainda leva até seis meses para liberar o registro do produto. Assim, a vacina do Butantan não estaria disponível para a população antes de 2017.
“Não é fácil demonstrar eficácia e segurança no período só de um ano (de testes). Acontece, mas não é algo tão simples de ser feito”, disse Bucaresky.
Balanço divulgado nesta sexta-feira, 8, pela Secretaria Estadual da Saúde mostra que São Paulo já registra no ano 261.453 casos confirmados de dengue, número recorde. A Pasta diz, no entanto, que o número de notificações já começou a cair se comparados os dados de abril com os números de março.
Os registros de abril, no entanto, ainda não foram fechados porque dependem de exames de confirmação que levam dias ou até semanas para serem concluídos. Pelo menos 169 pessoas já morreram de dengue neste ano em cidades paulistas.
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