São necessários ainda três anos de testes para ficar pronta a vacina contra a dengue. Produzida pelo Instituto Butantan, vinculado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, a vacina entrou na segunda fase de testes clínicos. O estado de São Paulo está à beira de uma epidemia da doença, com 123,7 mil casos notificados e 35 mortes, conforme boletim divulgado ontem pelo Ministério da Saúde.
A previsão é de que a vacina possa ser usada para imunizar a população a partir de 2018. Até lá, terão se passado doze anos desde que as tratativas para o desenvolvimento da vacina começaram a ser feitas com o National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos. A demora na liberação para uso se deve ao tempo exigido para os testes, segundo o Butantan. São necessários cinco anos para avaliar o desempenho do imunizante no organismo humano. A resposta imunológica nos pacientes precisa ser avaliada anualmente. O desenvolvimento da vacina é tratado como prioridade pelos pesquisadores do instituto.
Os testes estão sendo feitos em 113 voluntários que já receberam a vacina e outros 100 em processo de recrutamento, em parceria com a Universidade de São Paulo. Entre os recrutados desta fase, parte já teve contato com a doença. Na etapa inicial, a vacina foi testada em pessoas que não haviam sido infectadas e os resultados foram positivos, segundo a assessoria do Butantan.
Os resultados parciais da avaliação imunológica dos pacientes da segunda fase devem ser publicados nos próximos meses. Em seguida será iniciada a terceira fase, com voluntários de diversas faixas etárias e de várias regiões do País. Se os resultados demonstrarem que a vacina é segura e eficaz, será pedido o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Butantan fez parceria com o NIH para chegar à vacina contra a dengue em 2006. No Brasil, o acompanhamento dos voluntários é feito por profissionais da Faculdade de Medicina da USP no Hospital das Clínicas, na zona oeste de capital. A vacina é tetravalente, devendo ter ação contra os quatro tipos de vírus da dengue. Os trabalhos do Butantan usam como referência a vacina similar já desenvolvida pelos Estados Unidos há mais de dez anos. Segundo o instituto, os estudos americanos mostraram que a vacina é capaz de desenvolver anticorpos contra os quatro vírus com a aplicação de apenas uma dose. O Butantan já desenvolve vacinas contra outras doenças, como difteria, tétano, hepatite e influenza.
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