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Consultor da C40, Jay Carson: transporte e lixo em foco | Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Consultor da C40, Jay Carson: transporte e lixo em foco| Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

O Rio de Janeiro se tornará a capital mundial da sustentabilidade em junho, com a realização da Rio+20. Paralelamente, a cidade abrigará, de 17 a 19 do mesmo mês, mais um evento voltado para o tema: o C40, reunião de cúpula com prefeitos de 40 metrópoles para discutir mudanças climáticas. O presidente da conferência será o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, que tem como consultor Jay Carson, diretor-executivo do C40 e que está no Rio para acertar os últimos preparativos.

Em entrevista, Carson disse que, além de uma agenda, também sairão do encontro ações concretas. No Rio, ele destacou projetos como o Bus Rapid Transit (BRT) e o programa de compartilhamento de bicicletas da Zona Sul. Para cidades em desenvolvimento, Carson apontou como desafios a política de transporte e a coleta seletiva de lixo. Veja a entrevista:

Qual foi o propósito de criar o C40?

Desde que o evento foi fundado, em 2005, a maior parte dos líderes das megacidades se juntou ao C40. Agora temos 59 das maiores cidades do mundo trabalhando no processo de mudanças climáticas. O impacto do compartilhamento das melhores ideias das maiores cidades do mundo pode ser enorme, em termos de diminuição da emissão de gás carbônico e redução do efeito estufa. O que vai bem no Rio pode ser passado para Nova York; o que vai bem em Los Angeles pode ser transmitido para Paris.

São dois eventos sobre sustentabilidade ocorrendo paralelamente. Como um complementa o outro?

A Rio+20 não é necessariamente sobre clima. Já o C40 vai ter foco na questão climática. Chefes de Estado e de governos locais, além de especialistas no tema estarão no mesmo lugar e poderão se encontrar informalmente para tomar um café e conversar. O que as cidades fazem é muito mais concreto, mais prático. Nós atuamos em nível local, enquanto que a Rio+20 discute questões mais amplas. É possível tocar e ver o que as cidades estão fazendo para criar um mundo mais sustentável e melhor para se viver.

Que avanços práticos o C40 já conquistou?

Uma série de projetos e programas foram implementados com a parceria do C40. A nossa organização colabora com expertise para a implementação das políticas públicas. E, quando não temos expertise, ajudamos a encontrá-la. É uma parceria. Se Los Angeles quer implementar o programa de compartilhamento de bicicletas e o Rio tem um sistema bem-sucedido, o que vamos fazer é conectar as cidades e ajudá-las a transmitir o conhecimento.

Este intercâmbio tem continuidade ou se estabelece apenas durante o encontro?

O trabalho continua depois. Fazemos os contatos, nos conhecemos, os conhecimentos são apresentados aos representantes das prefeituras e as coisas continuam caminhando a partir daí.

Quais serão os temas centrais da próxima edição do C40?

Entre os temas, certamente estão créditos de carbono; transporte, o qual abrange uma série de questões, como transporte de massa, compartilhamento de bicicletas; resíduos, no sentido de se criar um sistema mais eficiente de coleta seletiva; água; e eficiência energética.

Participam do fórum cidades com níveis diferentes de desenvolvimento. Como lidar com prioridades distintas entre as cidades?

A maioria dos integrantes das outras edições ficou surpresa com a quantidade de semelhanças entre as cidades e com a quantidade de programas que podem ser divididos entre uma cidade em desenvolvimento e uma cidade mais desenvolvida. Nenhuma cidade é exatamente igual a outra, o que fazemos nesta organização é nos conhecer e perceber as nossas necessidades. Mas as pessoas são frequentemente surpreendidas com o quanto é possível propor uma troca em ambas as direções. Todas as cidades têm problemas com transporte e com eficiência energética. Além disso, em algumas cidades, um projeto é implementado não apenas por questões ambientais, como pode ocorrer em uma mais desenvolvida.

Quais são as prioridades das cidades em desenvolvimento?

Na América Latina, está ocorrendo um grande avanço na área de transporte, como em São Paulo, em Bogotá, no Rio de Janeiro, em Buenos Aires. É possível dizer que essas cidades estão na vanguarda do mundo. Mas ainda há muito a ser feito nesse setor nessas e em outras cidades. Já na Cidade do México, o C40 auxiliou no fechamento de um lixão. Eu diria que as prioridades dessas cidades são investimentos em transporte e manejo de resíduos, com a intensificação da coleta seletiva.

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