Um Inquérito Policial Militar (IPM), aberto pelo 13.º Batalhão de Polícia de Curitiba, está investigando a denúncia da cabeleireira Eliane Aparecida de Souza, 30 anos, de agressão e atentado violento ao pudor contra um soldado. Eliane que mora e trabalha na Espanha, mas é natural de Assaí - Norte do Paraná, conta que dirigia seu carro por uma rua do bairro Sítio Cercado, em Curitiba, na madrugada do dia 15 de março quando viu uma patrulha do Policiamento Ostensivo Volante (POVO) parada. Segundo Eliane, dois policiais faziam a revista em três rapazes e o que chamou a atenção dela foi a violência de um dos policiais. "Ele batia com uma coisa preta (provavelmente cacetete) na cabeça de um dos rapazes. O outro policial estava armado, não precisava disso", relata.
Minutos depois de presenciar a cena, Eliane conta que foi seguida pela mesma patrulha e depois de alguns sinais de luz resolveu parar. A patrulha, segundo a cabeleireira, parou ao lado e o policial - identificado como soldado Rodrigo, desceu do carro com arma em punho gritando. "Ele (Rodrigo) encostou a arma na minha cabeça, me xingou de vagabunda, prostituta e mandou eu descer. Assim que eu desliguei o carro, ele me puxou pelo cabelo, me jogou contra a viatura, me algemou e começou a me bater", relata.
Eliane afirma que depois de muitos socos e pontapés, teria sido levada para a 4ª Companhia do 13.º Batalhão, no Bairro Novo. No trajeto, ela ainda teria ouvido o soldado Rodrigo ameaçá-la de morte com uma arma. "Eu pego essa arma (mostrando uma arma que estava debaixo do banco) dou um tiro para cima, mato ela e depois ponho a arma na mão dela", teria, segundo o relato da cabeleireira, dito o policial ao companheiro - soldado Jubilato - que, segundo Eliane, em nenhum momento participou da agressão, mas em contrapartida nada fez para impedir a ação de Rodrigo.
Ao chegar no batalhão, Eliane teria sido levada para uma sala, onde, segundo ela, foi novamente agredida pelo soldado Rodrigo. "Enquanto ele me batia outros policiais entravam na sala e riam", conta Eliane.
Ela conta que num determinado momento o soldado Rodrigo teria dado um golpe (gravata) por trás e começado a abusar dela. "Ele abriu minha calça e ficou mexendo em mim. Só quando entrou um policial de mais idade e mandou o Rodrigo parar é que ele me largou", lembra.
Após as agressões, Elaine foi levada para um posto médico para ser avaliada. A advogada dela, Ana Bacilla Munhoz da Rocha, conta que ela teve achatamento de vértebra, entre outros hematomas graves. "Tenho tudo documentado. Um laudo do médico que a atendeu provando que ela foi agredida covardemente, além do atentado violento ao pudor", afirma. A advogada conta que os policias teriam movido um processo na justiça contra Eliane por desacato à autoridade.
Policial nega agressões
No mesmo dia, 15 de março, Eliane foi até o 13.º Batalhão da PM e apresentou a denúncia. O subcomandante do batalhão, major Sérgio Cordeiro de Souza, informou que poucos dias depois – quando o inquérito foi instaurado - os dois policiais foram afastados do trabalho de rua e começaram a fazer serviços burocráticos dentro do batalhão. Os policiais já foram ouvidos e negam todas as acusações.
Ainda de acordo com o major, nesta quinta-feira a última testemunha de Eliane será ouvida. A advogada da cabeleireira afirmou que está acompanhando os depoimentos, mas preferiu não adiantar os próximos passos da acusação. Ela adiantou que além do soldado Rodrigo outros quatro policiais são acusados de omissão.
Após todo o processo de coleta de depoimentos, o inquérito será enviado ao Ministério Público (MP). Caberá ao MP formalizar ou não a denúncia contra os soldados.
"Se provado todas as denúncias, eles poderão sim ser expulsos da corporação", completou o major Sérgio Cordeiro de Souza.
Depois de apresentar denúncia no 13.º Batalhão, Eliane ainda prestou queixa na Delegacia da Mulher. Na manhã desta quarta-feira, a reportagem entrou em contato com a delegacia, mas a delegada, que estava ausente, teria determinado que nenhuma informação fosse repassada sobre este ou qualquer outro caso.
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