Personagem conhecido da crônica policial do Paraná, Joarez da França Costa, o Caboclinho, voltou a ser alvo de polêmica, desta vez na cidade de Ortigueira, na Região Central. Muitos moradores dizem sentir medo da presença dele no município e relatam casos de brigas e ameaças supostamente protagonizadas por Caboclinho.
Costa foi preso durante a CPI do Narcotráfico há 11 anos por suspeita de participar de uma quadrilha de roubo de carros, mas o caso foi arquivado por falta de provas. Na mesma época, foi condenado a 17 anos de prisão pela morte de Jesael Cubas, ocorrida em 1999. Ele cumpriu cinco anos da pena em regime fechado e depois deixou a prisão. Ainda hoje a defesa dele recorre no Superior Tribunal de Justiça contra essa sentença. Costa também é acusado por receptação em Maringá, no Noroeste do estado, onde tinha uma loja de autopeças, e por um duplo homicídio em Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba. Os dois casos ainda estão em fase de instrução na Justiça.
Natural de Ortigueira, Caboclinho hoje é empresário do ramo de madeira tem uma área arrendada para reflorestamento e pai do presidente da Câmara Municipal da cidade, Rafael Costa (PTN). De acordo com os relatos de moradores, Caboclinho já teria até espancado algumas pessoas. "Ele e os capangas comandam a cidade. Eu estava em um bar quando houve uma discussão política. Ele quebrou todos os vidros do meu carro e bateu na minha cabeça", afirmou João*.
Outra moradora contou sobre um parente que também teria apanhado, mas acabou cedendo à pressão e virado até cabo eleitoral do filho do Caboclinho por receio. "Ele [Caboclinho] é o nosso maior problema aqui na cidade", disse Joana*. Já Pedro* afirmou sentir medo só de ouvir o nome de Caboclinho. "Se eu falasse alguma coisa isso acabaria comigo."
Influência
Segundo os relatos, o empresário é uma figura influente na cidade. "O prefeito [Geraldo Magela] come na mão dele", disse João*. Na última demonstração de força, Caboclinho teria sido responsável pela saída de Ortigueira de outra figura conhecida no estado: o ex-deputado estadual e delegado de polícia Mário Sérgio Bradock Zacheski. Coincidentemente, Bradock foi o delegado que conduziu a investigação do "cemitério de motores" uma área onde foram encontrados diversos motores de veículos desmanchados em Rio Branco do Sul, durante a época da CPI.
Em meio aos relatos de agressão, uma declaração chamou a atenção da reportagem. Ao chegar na casa de outro homem que teria sido agredido por Caboclinho, a recepção veio com a desconfiança natural de quem não conhece o forasteiro em uma cidade tipicamente interiorana. "O que você quer?", perguntou a esposa da vítima pela janela de casa. Quando esclarecido o assunto da entrevista, a resposta foi de bate-pronto. "Meu marido não fala sobre isso. Ele já apanhou muito", explicou.
Apesar das histórias, na delegacia da cidade não há nenhuma queixa contra Caboclinho. Já o Ministério Público de Ortigueira disse ter recebido várias pessoas que contaram sobre os casos, mas nenhuma delas quis oficializar as denúncias, possivelmente por medo.
* Nome fictício.