Metade do seu faturamento ia para policiais
Num longo depoimento na sede da Polícia Federal na madrugada de quinta-feira, acompanhado por um grupo restrito de policiais federais, o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na Rocinha, preso na quarta-feira na Lagoa, afirmou que metade de tudo que faturava com a venda de drogas era entregue a policiais civis e militares da banda podre. A propina gorda seria entregue a numerosos agentes públicos. O traficante deu detalhes, inclusive datas, de casos de extorsão.
Ainda no depoimento, o criminoso afirmou que, devido às constantes extorsões, em alguns períodos seu faturamento era zero. Segundo algumas estimativas da Polícia Civil, não confirmadas no depoimento, o bandido faturava mais de R$ 100 milhões por ano.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse nesta quinta-feira (11) esperar que a Justiça autorize "rapidamente" a transferência do traficante Antonio Bonfim Lopes, o Nem, e de outros criminosos que atuavam na Favela da Rocinha e que foram presas nos últimos dias para presídios de segurança máxima federais, localizados fora do Rio de Janeiro. Nem foi preso na madrugada de quarta-feira (10), quando tentava fugir do cerco policial à Rocinha, na zona sul da capital fluminense.
Cabral disse que a polícia precisa investigar o envolvimento de agentes da lei com a quadrilha que controla a venda de drogas na comunidade. Caso seja comprovada a participação desses policiais, o governador defendeu que eles sejam presos imediatamente e processados.
"Tudo tem que ser investigado. Se for comprovado isso, os responsáveis têm que ser presos imediatamente, e responder a processo disciplinar e processo penal. Um policial envolvido com o ilícito é duplamente marginal", destacou.
O governador também pediu ajuda à Justiça para garantir que agentes corruptos sejam condenados e não consigam voltar à polícia. "Expulsar um oficial corrupto, ou de má conduta, é uma dificuldade. O mesmo [ocorre] com um delegado. A Justiça tem que nos ajudar cada vez mais", disse.
Cabral informou que vai acompanhar em seu gabinete, no Palácio Guanabara, o início da ocupação da Rocinha, previsto para o próximo domingo (13).
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