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Inclusão digital

Caça-níqueis viram ferramenta escolar

Caça-níqueis apreendidos pela polícia paranaense | Thiago Trentini
Caça-níqueis apreendidos pela polícia paranaense (Foto: Thiago Trentini)

A partir do ano que vem, os caça-níqueis apreendidos no Paraná poderão ser utilizados para fins pedagógicos. Projeto de lei aprovado pela Assembléia Legislativa prevê que as máquinas sejam usadas nas salas de aula e laboratórios de informáticas de escolas estaduais como parte do aprendizado dos alunos. A população de comunidades carentes também será beneficiada pela medida, com a instalação de pontos de internet em todo o estado. O texto final da proposta deve ser concluído nesta semana e, em seguida, seguirá para sanção do governador Roberto Requião.

De autoria do deputado Artagão Júnior (PMDB), o projeto recebeu o nome de Programa Jogo Limpo. Segundo o deputado, a idéia é conciliar a redução nos gastos para guardar as máquinas com a disseminação de conhecimento à população em geral. "O equipamento em si não é bom nem mau", afirma. "Portanto, se ele é usado nos jogos de azar, também pode ser convertido em uma fonte de cultura e informação."

De acordo com Artagão Júnior, os componentes eletrônicos dos caça-níqueis serão usados nos computadores de escolas, universidades e telecentros do Paraná. Alunos de cursos profissionalizantes também poderão participar da reforma e formatação dos equipamentos, para descaracterizá-los como máquinas de jogos de azar.

Para o deputado, a proposta garantirá uma queda nos gastos estaduais com o armazenamento das máquinas e, também, com as ações policiais de combate aos jogos eletrônicos. Em 2008, operações da Polícia Civil apreenderam mais de 4 mil caça-níqueis no Paraná. Por esses motivos, Artagão Júnior acredita que o governo receberá o projeto de maneira positiva. A assessoria da Secretaria da Educação, porém, afirmou que ainda desconhece o conteúdo da proposta.

Riscos do projeto

Na opinião de Danielle Lourenço, pedagoga e consultora em tecnologia responsável, o projeto é válido por dar uma finalidade a equipamentos de alto valor monetário e por agregar conhecimento às comunidade de baixa renda. No entanto, ela demonstra preocupação sobre a maneira com que a internet será usada por essas pessoas. "É como a história em que você dá a duas pessoas uma faca e um pedaço de madeira", compara. "Aquela que tiver instrução fará uma bela escultura. Já a outra que não receber orientação cortará o dedo." Segundo a pedagoga, a internet permite a quebra de barreiras de conhecimento, desde que seja usada de maneira responsável. "É importante que haja um controle rigoroso para que o tiro não saia pela culatra", afirma.

O coordenador executivo do Comitê pela Democratização da Informática (CDI) no Paraná, Edgard Pinel, também considera a proposta interessante, sobretudo pelo fato de evitar que os caças-níqueis tornem-se um lixo tecnológico. "Porém o sucesso da idéia vai depender de como ela será aplicada", alerta. "Não basta apenas colocar a máquina se não ensinar a população a utilizá-la – ainda mais por se tratar de pessoas que nunca tiveram acesso a esse tipo de tecnologia."

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