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| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A caça por pokémons tem feito os paulistanos chegarem a lugares inusitados: igrejas tornaram-se ginásios para batalhas e cemitérios viraram concentração de pokestops. Os administradores de alguns desses locais, no entanto, estão um pouco reticentes e pedem que os jogadores sejam educados e respeitosos.

A Igreja do Carmo, no centro de São Paulo, e a Igreja Pentecostal Deus é Amor, no Cambuci, são ginásios do aplicativo ‘Pokémon Go’, espécie de centros de treinamento dos mestres onde ocorrem batalhas entre as criaturas.

A equipe da sacristia da Igreja do Carmo garante que deve ficar mais atenta à movimentação dentro e ao redor a igreja nos próximos dias. “Não costumamos tirar ninguém da igreja. Se a pessoa estiver apenas mexendo no celular, tudo bem. Mas se chamar muito a atenção, temos que intervir para que não atrapalhe as missas ou orações”, diz Isabel Antunes, 59, auxiliar da sacristia.

Já as administrações dos cemitérios do Araçá e da Vila Mariana, por onde estão espalhadas diversas pokestops (paradas onde é possível encontrar novos pokémons para capturar ou comprar itens de jogo), preocupam-se com a realização de imagens e com a visita de grupos a noite.

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“É proibido fazer fotos ou vídeos no cemitério, é necessário uma autorização do serviço funerário. Além disso, durante a noite a Guarda Civil Metropolitana faz a segurança do local”, explica Carlos David, 62 auxiliar de administração do Cemitério do Araçá.

Portas abertas

No Cemitério da Consolação, por outro lado, as portas estão abertas para os jogadores. O administrador do cemitério, Jair Batista, 53, conta que na manhã desta quinta-feira (4) cerca de 300 pessoas visitaram o local em busca de pokémons. Entre eles, muitos estudantes de colégios, faculdades e cursinhos da região.

Segundo Batista, todos são bem-vindos “O aplicativo vai ajudar a quebrar o paradigma fúnebre do cemitério. Esse é um espaço cultural e pedagógico que tem um enorme acervo histórico. É um espaço público que tem que ser ocupado pela população”, afirma.

Ainda assim, o estudante Felipe Fiorese, 15, que vive e estuda na região, ficou um pouco reticente ao entrar no local para buscar pokémons. “Pensei que talvez pudesse ser desrespeitoso com as pessoas que estão rezando pelos seus familiares, mas depois vi muita gente que estava visitando o cemitério como ponto turístico e fiquei mais tranquilo”, conta.

Já a estudante Ariane Iamasaki, 19, se preocupou com a segurança do lugar. “Tive medo das pessoas se aproveitarem para cometer roubos ou outros delitos”, diz.

Sem surpresa

Quem já havia lido sobre o jogo em outros países não pareceu tão surpreso quanto ao local escolhido para as pokestops. O escrevente Gunnar David, 29, aproveitou a hora do almoço no trabalho para ir até o cemitério. “Como é um local grande, de bastante verde, imaginei que houvesse pokémons. Queria encontrar pokémons fantasmas, mas eles costumam aparecer mais a noite”, diz.

Guilherme Santana, 20, foi ao Cemitério da Consolação depois de visitar uma exposição na região e capturou cinco criaturas. “Eu já sabia que eles costumam colocar paradas em lugares históricos e artísticos. Como nos cemitérios há muita arte sacra, imaginei que pudesse ser um lugar com muitas pokestops”, diz. O estudante de arquitetura quer voltar ao cemitério, mas agora para fazer uma das visitas guiadas que descobriu que há no local.

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