Os maus-tratos a animais em Curitiba e região continuam. Após o caso do cachorro Falcão, que teve as patas traseiras amputadas com um facão no ano passado, em Bocaiúva do Sul, e de Pretinho, que também teve as patas traseiras amputadas ao ser amarrado numa linha de trem, em Curitiba, outro caso surge. Na segunda-feira, um vira-lata foi atingido por um tiro no pescoço na Rua São Gabriel, no bairro Novo Mundo, na capital.
Por volta das 17h30, a dona de casa Doroti Kluska ouviu o barulho do disparo. Quando chegou à rua, viu o cão, que é chamado de Bilu e recebe alimentos dos moradores da rua, caído e ensangüentado. Ao cortar o pêlo do animal, Doroti percebeu que havia uma perfuração de bala na altura do pescoço.
A suspeita é de que um motoqueiro tenha atirado no animal. "Antes de ouvir o tiro, ouvi o barulho de uma moto acelerando, que saiu em disparada", afirma Doroti. Segundo a dona de casa, o animal tinha o costume de perseguir motos.
Ontem de manhã, após receber os primeiros cuidados na casa de Doroti, o cachorro foi encaminhado à Sociedade Protetora dos Animais (SPC). Após exames de raio X, a médica veterinária Andressa Campos, da SPC, constatou que a bala passou a pouco milímetros do pulmão direito do animal. "Antes de fazermos a cirurgia para retirar o projétil, o local tem que desinchar", explica a veterinária. A expectativa é de que o animal seja encaminhado para a cirurgia que é de risco em uma semana. Até lá, o cachorro será medicado com antibióticos e antiflamatórios.
Doroti, que pretende adotar o cão, ainda não sabe se denunciará o crime à polícia. Ela teme represálias do autor do disparo. A vice-presidente da SPC, Soraya Simon, afirma que as pessoas devem sempre denunciar maus-tratos à polícia.
Por mês, a SPC acolhe a média de 60 animais. Desses, aproximadamente 90% chegam à sociedade com ferimentos provocados por maus-tratos. De acordo com o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais, de número 9.605/98, a pena para quem maltrata animais varia de três meses a dois anos de detenção.