Casa com dois andares, três quartos, banheiros, cozinha e um terreno com mais de 100 metros quadrados em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba. Não se trata de um anúncio de compra e venda de imóvel. São os detalhes da mais nova moradia do "Pretinho" - o cachorro que teve as extremidades das patas traseiras amputadas depois de, supostamente, ter sido amarrado junto ao trilho do trem.
Na última quarta-feira, Ricardo Rissert, de 20 anos, e o companheiro Paulo Guimarães Borges Júnior, 36, se sensibilizaram com a história de "Pretinho" e resolveram visitá-lo na Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC), onde o cachorro se recuperava de uma cirurgia. O final é previsível. "Não tinha como não se emocionar. Na hora decidimos adotá-lo", conta Rissert.
"Pretinho" chegou na nova casa, se instalou e já parece ter tomado conta da situação. Já está latindo e pede comida a toda hora. Desde quarta-feira, ele ocupa um espaço na cama dos novos donos. "É que ele ainda precisa de cuidados. Não pode ficar numa superfície dura", explica Rissert. Mas mesmo após a total recuperação, o animal só deve ir para o lado externo da casa para passear. "Ele vai dormir dentro de casa", garante.
O cachorro não está sozinho em casa. Assim que chegou, "Pretinho" se deparou com Priscila e Jeane - duas gatas sem raça definida (popular vira-latas) também adotadas pelo casal. A relação entre os bichanos vai muito bem. "As gatinhas assim que viram o 'Pretinho' foram cheirar ele e ficaram próximas como se tivessem cuidando", relata Rissert.
"Pretinho" deve ganhar dentro de 15 dias uma cadeirinha com rodas para poder se locomover. "É só o tempo dele se recuperar", diz. O nome do cachorro, que será mantido, foi dado ainda na SPAC pelas veterinárias que o atenderam e é fácil de entender o motivo. "Ele é todo pretinho ué", se diverte Rissert.
Os planos para "Pretinho" são ambiciosos e a médio prazo. Rissert pretende levá-lo a hospitais e orfanatos. "Ele é um exemplo. Mesmo sem as patinhas, ele é um cachorro feliz. As pessoas precisam entender que, às vezes, a perda de um membro do corpo não representa um obstáculo", explica o "empresário" e dono.