A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) ficou presa por duas horas no interior de um avião na noite de quarta-feira no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, após se recusar a sair da aeronave sem o equipamento adequado para o desembarque de cadeirantes. A deputada é tetraplégica.Gabrilli estava no voo 3563 da TAM, que vinha de Brasília e chegou por volta das 21 horas de quarta-feira em Guarulhos. O avião parou em posição remota no interior do aeroporto, fora das áreas de fingers (passarelas que ligam os portões de embarque às aeronaves). Em casos como esse, o desembarque de passageiros com mobilidade reduzida deve ser feito com ambulift (uma espécie de carrinho com elevador).Segundo a deputada, apenas em terra a TAM informou que os aparelhos da empresa e da Infraero estavam quebrados e que ela seria carregada por um dos comissários para fora da aeronave. "Bati o pé e disse que eu não iria. Chovia forte no momento e estou com tosse. O risco é muito grande para uma pessoa como eu e o aeroporto deve ter os equipamentos necessários para estes casos", afirma Gabrilli.
Ainda segundo a deputada, funcionários da TAM tentaram convencê-la alegando que haveria demora na solução do impasse, uma vez que os equipamentos estariam quebrados há um mês e meio. Solidários, os comissários da aeronave acionaram a torre de controle do aeroporto para usarem um dos fingers para o desembarque da deputada. Mas o procedimento não foi autorizado.
Resolução
Uma resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) obriga as empresas aéreas ou operadores de aeronaves a assegurar o movimento de pessoas portadoras de deficiências entre os aviões e o terminal com dispositivos adequados para efetuar, com segurança, o embarque e o desembarque.
A deputada disse que chegou a acionar a Anac, mas, segundo ela, a agência não demonstrou interesse pelo caso. Apenas por volta das 23 horas, funcionários da TAM conseguiram que um ambulift, que estava fora de uso, fosse liberado pela Infraero apenas para a retirada da deputada. "Tomei chuva e a pessoa responsável pelo aparelho não me amarrou [não colocou o cinto de segurança]. Foi minha assistente que prendeu o cinto de segurança com o ambulift em funcionamento. Ninguém teve essa atitude. Os funcionários não têm o preparo necessário ainda."
A reportagem entrou em contato com a Infraero e a TAM, mas até o final da tarde de ontem não obteve resposta.