Áreas urbanizadas que sofrem constantes alagamentos, como é o caso do Centro de Curitiba, necessitam de medidas que auxiliem no escoamento de águas pluviais. Além de obras de drenagem, que requerem altos custos de implantação e manutenção, algumas alternativas podem ser adotadas, entre estas o uso de pavimentos permeáveis em revestimentos de calçadas. Esta medida viabiliza a infiltração de grande parte da água de chuva precipitada, proporcionando redução dos volumes escoados para as tubulações do sistema de drenagem.
Segundo estudos, a área de calçadas no Centro de Curitiba é constituída, aproximadamente, por 75% de pavimentos impermeáveis (pedra portuguesa e lousa de pedra), 20% de pavimentos semi-permeáveis (bloco de concreto) e 5% de outros materiais.
A partir desses dados, foram realizados na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) experimentos com protótipos dos pavimentos citados e um modelo de pavimento permeável (concreto poroso) em um equipamento denominado Simulador de Chuvas, que tem o objetivo de demonstrar, em menor escala, alguns dos processos físicos encontrados no ciclo hidrológico.
Com base nos resultados obtidos na simulação, fez-se um demonstrativo em escala real do volume de água escoada na superfície das calçadas, utilizando como estudo de caso a área revitalizada recentemente da Rua Marechal Deodoro e a área total de calçadas do Centro de Curitiba. Os dados encontrados mostram uma redução significativa do volume atual e do qual ocorreria se fossem substituídos os revestimentos.
A revitalização da Rua Marechal Deodoro (por pedra portuguesa e bloco de concreto) proporcionou uma redução em torno de 30%. Porém, se neste caso, assim como nas demais calçadas do Centro, houvesse substituição por apenas blocos de concreto, está redução seria aproximadamente de 40%. E se, como outra alternativa, fosse adotado o concreto poroso, poderia chegar até 90%.
Estes resultados mostram que o uso de pavimentação permeável em grandes centros urbanos incide significativamente na prevenção contra enchentes, isto porque, grande parte da água que escorre pelas tubulações, pode ser infiltrada através solo e conduzida ao leito dos rios e córregos pelo lençol subterrâneo. Vale lembrar que o estudo realizado refere-se apenas a revestimentos de pavimentação, não levando em consideração contra pisos e subsolos que apresentam grande interferência na capacidade de infiltração total.
Luciana Ormond Zapp é arquiteta formada pela Pontíficia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e engenheira de produção civil formada pela UTFPR. Atua como engenheira civil no município do Rio de Janeiro.