O Calendário Nacional de Vacinação, adotado na rede pública de saúde, terá mudanças neste ano. As alterações abrangem seis vacinas já ofertadas no SUS, mas que passam a ter novas recomendações de intervalo entre a aplicação das doses, além de ampliação do público-alvo.
As mudanças constam de informativo da área técnica do Ministério da Saúde enviado para secretarias de saúde de Estados e municípios. As informações também foram divulgadas pela SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações).
Uma das alterações ocorre com a vacina de hepatite B, que passa agora a ser ofertada nas unidades de saúde para toda a população, incluindo idosos. Antes, esse grupo não recebia a imunização.
Segundo o documento do Programa Nacional de Imunizações, a ampliação ocorre devido ao aumento na expectativa de vida da população brasileira e das relações sexuais entre idosos, somada à resistência de parte desse grupo ao uso de preservativos, que poderiam evitar a doença.
Para as crianças até cinco anos incompletos, as mudanças ocorrem no tipo de produto e intervalos de aplicação das doses de quatro vacinas: a de poliomielite, a vacina pneumocócica 10 valente, a vacina contra a hepatite A e a meningocócica C.
A partir deste mês, a terceira dose da vacina contra a pólio passa a utilizar a vacina inativada, feita com vírus mortos, em vez da vacina oral, que é feita com vírus atenuados.
Já a vacina pneumocócica 10 valente, que protege contra pneumonia e outras doenças, passará a ser aplicada em duas doses e um reforço: uma aos dois meses do bebê e outra aos quatro meses, seguida de um reforço a partir dos 12 meses. Antes, o esquema previa três doses, sendo três delas no primeiro ano do bebê e um reforço no segundo ano. Crianças de 12 meses a quatro anos que não tiverem sido vacinadas devem receber uma dose única.
A mudança segue recomendação da Organização Mundial de Saúde. A presidente da SBim, Isabela Ballalai, diz que a alteração não deve trazer prejuízos, uma vez que a forte adesão à vacinação no país colabora para uma proteção conjunta da população.
Novos intervalos
Outra alteração ocorre para a vacina de hepatite A, que passa a ser indicada quando a criança completa 15 meses, podendo ser administrada até os 23 meses. Até então, a vacina, de dose única, era aplicada a partir dos 12 meses.
Segundo o documento, a mudança ocorre pela necessidade de reduzir o número de vacinas injetáveis administradas em uma mesma visita ao posto de saúde e o desconforto para as crianças.
Já a vacina meningocócica C tem a recomendação para a aplicação da primeira dose de reforço antecipada dos 15 meses para os 12 meses, podendo ocorrer até os quatro anos. A medida é uma forma de assegurar uma maior proteção contra a bactéria que causa a meningite já no início do segundo ano do bebê. As duas primeiras doses da mesma vacina permanecem indicadas aos três e cinco meses.
Assim como em outros casos, crianças de 12 meses a quatro anos que não tenham sido vacinas também podem receber a proteção, por meio de uma dose única.
“O mais importante é essa expansão até os quatro anos. Na prática, temos muitas crianças que não estão indo tomar a dose. A ideia é resgatar essas crianças que não tenham sido vacinadas”, afirma Ballalai.
HPV
O novo calendário também muda o esquema de vacinação contra o HPV, que antes previa três doses. Com a mudança, a vacina passa a ser aplicada em duas doses para meninas de 9 a 13 meses. A segunda dose ocorre seis meses após a primeira.
A alteração ocorre após a baixa adesão de adolescentes à segunda dose da vacina, o que fez com que o governo e associações de saúde tivessem que intensificar a campanha para atingir a meta de vacinar até 80% do público-alvo.
Para Isabela Ballalai, a redução de uma dose deve abrir o debate sobre a possibilidade de ofertar a vacina também para um grupo maior de pessoas que ainda não recebem a imunização, como meninos ou outras faixas etárias, o que aumentaria a proteção.
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