Uma vez aberta, é impossível calcular o quanto vai se arrastar a ação penal para investigar os mensaleiros. O procurador-geral arrolou 41 testemunhas de acusação, interrogáveis por todos os advogados. Estes poderão indicar oito testemunhas para cada crime imputado a seus clientes. Se, por hipótese, um acusado responder a cinco acusações de peculato, terá direito a até 40 testemunhas de defesa. Estas, por sua vez, poderão ser interrogadas por todos os advogados. Testemunhas e réus tem a opção de depor em seus domicílios. Nesse caso, o depoimento poderá ser tomado por juízes federais ou pelo próprio ministro-relator, Joaquim Barbosa. Tal leque de possibilidades permitirá, a quem adotar a estratégia protelatória, apostar na prescrição de determinados crimes.
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All-star Os advogados estrelados que atuam no julgamento do mensalão já ganharam apelido: eles representam o "IB dos honorários".
Vaga-lume O dia-a-dia do julgamento vai revelando o estilo dos ministros do Supremo. Marco Aurélio Mello chama a atenção pela mesa quase fosforescente, graças à enorme quantidade de "post-its" usados para destacar trechos, fazer anotações e marcar páginas do volumoso processo. Professor 1 Quem conhece os bastidores do STF se divertiu vendo Nelson Jobim reagir ao vazamento do papo eletrônico entre ministros da Casa com a declaração de que ali não existem pré-combinados. Durante seu período no tribunal, o hoje titular da Defesa era considerado um especialista em negociações para "amarrar" votos dos colegas. Professor 2 Um combinado famoso foi o que derrubou as ações de inconstitucionalidade contra medidas adotadas pelo governo FHC em resposta ao apagão de energia, em 2001. Na ocasião, especulou-se que Jobim chegara a ajudar a redigir o voto da então novata Ellen Gracie. Verbete Enquanto alguns negam que ele tenha existido, o mensalão foi para o dicionário Caldas Aulete: "quantia supostamente paga mensalmente (ou com outra periodicidade, ou de uma só vez) a deputados para mudarem de partido ou votarem a favor de projetos do Executivo".
Me aguarde No que diz respeito à Anac, parte da cúpula do governo se deu por satisfeita com a queda de Denise Abreu. Mas não Nelson Jobim. O ministro da Defesa só descansará quando se livrar do presidente da agência, Milton Zuanazzi que, nos bastidores, continua a atropelá-lo. Um por um A CPI do Apagão Aéreo da Câmara pretende convocar todos os presentes à reunião de 13 de dezembro, no Rio, em que Anac, Infraero e empresas discutiram o risco de "ocorrências graves" em Congonhas, com possibilidade de aeronaves "vararem" a pista. Serão pelo menos dez depoimentos. Enciclopédia A grande quantidade de assuntos que a CPI da Câmara resolveu analisar dois acidentes, um novo marco regulatório para o setor aéreo, infra-estrutura de aeroportos, entre outros deve resultar num relatório final com mais de mil páginas. Marcação O governador Teotônio Vilela intensificou a pressão sobre a bancada do PSDB no Senado. Nas conversas com seus correligionários, Téo lembra que a eventual cassação de Renan Calheiros deflagraria uma investigação sobre o governo de Alagoas. No final, ameaça ele, também o partido sairia chamuscado. No muro A maioria dos tucanos, que reduziram os apelos públicos para que o presidente do Senado se afaste, garantiria hoje, no plenário, o mandato do peemedebista. Os únicos votos certos pela cassação, de acordo com um parlamentar do PSDB, seriam os da relatora Marisa Serrano (MS), de Tasso Jereissati (CE), Sérgio Guerra (PE) e Cícero Lucena (PB).
TIROTEIO
* Do deputado PAULO PEREIRA DA SILVA (PDT-SP) sobre os senadores que, diante da suspeita de vínculo entre a próxima nomeação para o STF e o curso do julgamento do mensalão no tribunal, prometeram examinar "com lupa" a indicação do Planalto:
Tomara que o Senado não recorra à mesma lupa que usou para aprovar os diretores da Anac e a indicação de Luiz Antônio Pagot para o Dnit.