Clima
Segundo o Simepar, tempo quente e seco continua nesta semana
Causadas por uma massa de ar muito quente e seca, que está sobre o Sul do Brasil há mais de uma semana, as altas temperaturas não devem se despedir do Paraná tão cedo. A meteorologista Ana Beatriz Porto, do Instituto Tecnológico Simepar, explica que esse "bloqueio atmosférico", como é chamada a massa de ar, impede que as frentes frias do Uruguai e Argentina avancem. "Estamos desde a semana passada neste sistema. Essa massa mais quente é menos instável."
Embora no fim da tarde algumas regiões registrem chuvas rápidas, o volume é insuficiente para tornar os dias mais frescos. Sem previsão de chuvas mais homogêneas ou de uma frente fria que fure o bloqueio nos próximos sete dias, a tendência é que as temperaturas se mantenham na casa dos 30 °C. "Os próximos dias serão bem quentes. As máximas são associadas à nebulosidade, com o céu limpo é fácil a temperatura subir."
Segundo Ana Beatriz, o dia mais quente deste ano em Curitiba foi quarta-feira passada, com 34,7 °C. O recorde registrado na estação meteorológica do Jardim das Américas, implantada em 1997, foi 34,8 graus, em janeiro de 2012.
De um lado, a escassez de chuvas que contribui para a diminuição no nível dos mananciais. De outro, o forte calor que leva ao aumento no consumo de água. Segundo a Sanepar, esses fatores não devem causar desabastecimento ou racionamento no estado. Das sete regionais da companhia de saneamento consultadas pela reportagem, apenas Guarapuava e Cascavel admitiram problemas pontuais. Vários moradores da capital e também do interior, porém, têm convivido com o abastecimento insuficiente ou mesmo com longos períodos sem água nos últimos meses.
No site da companhia, "falhas no abastecimento" em regiões mais distantes, de maior altitude ou em imóveis sem caixa dágua são admitidas. É o caso dos bairros curitibanos Cachoeira, Santa Cândida e Atuba, além dos municípios de Almirante Tamandaré, Colombo, Quatro Barras, Campina Grande do Sul, Fazenda Rio Grande e Araucária. Eles teriam "problemas no abastecimento por estarem em regiões mais altas ou em pontas de rede." No texto, a Sanepar afirma que em nenhum local houve desabastecimento superior a 12 horas e que os imóveis providos de caixa dágua não sofreram o problema.
Não é o que acontece na casa da fisioterapeuta Gisela Soares de Souza Fiebich, 34 anos, moradora do Jardim Aliança, no Santa Cândida, em Curitiba. Ela conta que, apesar de estar do lado de uma caixa da Sanepar, a vizinhança localizada no ponto mais alto do bairro sempre sofreu com desabastecimento aos finais de semana. Mas, do início da semana passada para cá, não houve um dia em que saísse água da torneira antes de anoitecer. Quando retorna, a água tem pressão insuficiente para encher a caixa, o que agrava a situação. "Eu ligo lá, eles falam que não tem problema, que é para ter água, mas na minha torneira não tem. Liguei domingo, às 16 horas, mas informaram que era para ter voltado às 14 horas e que iam mandar um técnico. Estou esperando até agora", reclama.
"Passamos bem"
A gerente de produção da Sanepar de Curitiba e Região Metropolitana, Rita Becher, garante que a não ser que ocorram incidentes como rompimentos na tubulação , não há previsão de falta de água na região. Segundo ela, o sistema integrado de abastecimento propicia uma acumulação de água para seis meses, o que minimiza problemas decorrentes de fatores climáticos. "Nas chuvas do verão os rios são recarregados e na estiagem, de julho a outubro, passamos bem", garante. De acordo com Rita, o nível de água nas barragens de Piraquara I e II está 100%, o que equilibra oscilações nas barragens do Iraí e do Passaúna. "Sentimos o alto consumo, atingimos o teto do pico esperado para o verão. Mas, mesmo que os reservatórios de distribuição nas pontas oscilem, resolvemos com bombeamento. As chuvas que estão dando por aí também ajudam a recarregar. Por conta de produção, não faltará água." Ainda assim, Rita recomenda que os quase 3 milhões de lares da RMC façam uso racional da água nestes meses mais quentes.
Arapongas está em estado crítico
Tatiane Salvatico, do JL
No Norte do estado, Arapongas tem a situação mais crítica da região, segundo a própria Sanepar, que estuda a possibilidade de racionamento ou rodízio de abastecimento para minimizar o problema. Proprietário de uma distribuidora de água mineral no município, Élcio Akiama conta que o estoque se esgotou no último sábado. "Tenho clientes que ficaram sem água na torneira durante todo o fim de semana. Teve gente, até, que precisou comprar galões de água para tomar banho."
A moradora do bairro Vila Nova, na região central de Arapongas, Neusa Della Torre afirma que entre sexta-feira e a madrugada de ontem a água que chegava na rua não tinha força suficiente para chegar à caixa. "O jeito foi encher com mangueiras várias vasilhas para gente conseguir fazer comida ou tomar banho."
Em Apucarana, onde o abastecimento é realizado, especialmente, por meio de poços artesianos, também pode haver cortes pontuais nos próximos dias. Segundo a Sanepar, uma unidade localizada em um dos pontos mais altos da cidade sofre com a baixa produção, por conta das chuvas escassas deste verão e a consequente seca dos reservatórios originários de lençóis freáticos. A situação só será regularizada quando houver chuva abundante na região.
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