O calouro da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que teve de ser internado na UTI após desmaiar quando participava do trote realizado na instituição na sexta-feira teve alta do Hospital das Nações na tarde de ontem. João Francisco Medeiros, 17 anos, não sofreu nenhuma lesão grave devido à queda. Os pais do garoto pediram a realização de exame toxicológico para saber se o quadro dele foi ocasionado pela ingestão de alguma substância. Eles reclamam que a universidade não estaria preparada para atender ocorrências como essa.
Os pais de João Francisco preferiram que o garoto não se manifestasse. Eles dizem que a memória do garoto sobre o que aconteceu está confusa e que ele poderia relatar algo que não ocorreu. O pai, Francisco Carlos Nogueira, disse que conversou ao telefone com o reitor da UFPR, Zaki Akel, e que teve a promessa de que o ocorrido será apurado. De acordo com assessoria de imprensa, uma investigação deve apontar se alguma norma foi quebrada (ver ao lado).
Nogueira vai esperar o resultado da apuração e quais medidas serão tomadas pela instituição para decidir se entra na Justiça com uma ação contra a universidade. "Esperamos que os responsáveis pela situação sejam punidos e que a instituição faça justiça para eu não ter de entrar na Justiça. Se o exame toxicológico apontar a presença de uma substância que possa ter induzido o quadro do João, ela servirá como prova", explicou.
Os pais disseram que não foram acudidos por funcionários da instituição e que, por isso, tiveram de esperar mais de 30 minutos pela chegada de uma ambulância. Eles protestaram contra o fato de não haver ambulatórios no local. "Eu mesmo tive de mover os cavaletes para que a ambulância pudesse parar no local. Essa é a maior indignação: eles articulam a Diretran para controlar o trânsito, os cursinhos para participarem da festa, mas não estão preparados para atender algo assim", protestou Nogueira. A ambulância foi acionada por um funcionário da UFPR que não estava no local.
João Francisco desmaiou e teve convulsões quando participava do trote realizado no câmpus de Ciências Agrárias da UFPR, no bairro Cabral. De acordo com os pais, o garoto, aprovado no vestibular para o curso de Geografia, estava na barraca do curso de Medicina quando estudantes o teriam induzido a ingerir uma substância de cor vermelha. Depois disso, ele começou a vomitar e foi conduzido por dois amigos para a entrada do câmpus, onde desmaiou, batendo com a cabeça no chão.
O fato teria acontecido pouco antes das 15 horas. Foi a mãe de João Francisco, Maria Lúcia Medeiros, quem encontrou o garoto sendo "cuidado" pelos dois amigos. "Não apareceu nenhum monitor da universidade. Algumas pessoas tentaram ajudar, mas não encontraram ninguém", relatou.
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