Mãe e irmã de Anderson de Oliveira atendem o rapaz no Hospital de Ponta Grossa| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Três calouros de três cursos distintos de graduação da Uni­ver­sidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) foram internados ontem à tarde depois de participarem de trotes de recepção a novos alunos – dois deles chegaram ao hospital em coma alcoólico. Os rapazes foram medicados no Hospital Mu­­nicipal de Ponta Grossa e receberam alta no início da noite de on­­tem. Os casos serão investigados pela universidade e pela Polícia Civil, já que o trote violento é proibido pela instituição e por lei municipal.As aulas começaram ontem na UEPG. Por volta do meio-dia, An­­derson de Oliveira, 17 anos, calouro de Ciências Contábeis, foi levado inconsciente ao hospital por dois rapazes que não se identificaram. O estudante estava com as unhas pintadas, o cabelo cortado, a roupa íntima rasgada e com marcas de batom. Ele só acordou às 17 horas, com a mãe, Suzy Carla de Oliveira, do seu lado. Ela foi avisada pelo Serviço Social do hospital sobre o ocorrido.

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Suzy ameaça processar a UEPG. "Eu acho um absurdo que isso aconteça entre estudantes universitários. Vou procurar todos os meus direitos para que isso não se repita", afirma. Outro calouro, de Agronomia, também chegou desacordado ao hospital. Os acompanhantes do rapaz não deram informações à imprensa, mas suspeita-se de que ele também teria sido vítima de trote violento. O terceiro atendimento foi o de Dirceu Costa Júnior, 17 anos, aprovado em Educação Física. Ele foi levado aos médicos pelo pai, depois de chegar embriagado em casa e ter pedido ajuda aos familiares.

Investigação

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Ainda ontem, a UEPG determinou a abertura de uma sindicância para apurar quem são os responsáveis pelos trotes. "Temos circuito interno de segurança e vamos averiguar se o caso aconteceu dentro da universidade. Se aconteceu fora, não temos ação nenhuma", comentou o vice-reitor, Luciano Vargas. A Polícia Civil também vai instaurar inquérito policial para investigar os casos e o Diretório Central de Estudantes (DCE) cobrará informações dos centros acadêmicos sobre os episódios.

O advogado Flávio Pansieri, presidente da Academia Brasi­­leira de Direito Constitucional, explica que a universidade é responsável juridicamente pelo trote violento caso ele comece dentro da instituição. "Se a execução for fora do prédio não me parece que a instituição seja responsável", acrescenta. Para ele, é importante que os alunos se envolvam somente com trotes solidários. "O trote solidário é algo relevante que complementa o sentido do ingresso do aluno no curso superior. Os trotes violentos mostram efetivamente as frustrações desses marginais travestidos de alunos", opina.

Na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e na Universidade Estadual de Maringá (UEM), as aulas começam na próxima segunda-feira e as instituições programaram trotes solidários. Na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), com sede em Guarapuava, e na Uni­versidade Estadual do Oeste (Unioeste), em Cascavel, o ano letivo já começou, mas não foram registrados incidentes com os alunos ingressantes.