Tribunal - Senadores infiéis se reúnem no TSE

Os três senadores ameaçados de perder o mandato depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu estender a fidelidade partidária às eleições majoritárias se reuniram ontem com o presidente do tribunal, Marco Aurélio Mello. Os parlamentares poderão ter de deixar o Senado se o TSE definir, na semana que vem, que a mudança será retroativa a 27 de março deste ano – como estabelecido para as eleições proporcionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"Eles vieram com o coração batendo mais forte. Não vieram numa tentativa de convencimento, vieram demonstrar uma preocupação, tendo em vista até mesmo o perfil deles", disse Mello.

O DEM pretende recorrer à Justiça para garantir os mandatos dos senadores Romeu Tuma (PTB-SP), César Borges (PR-BA) e Édison Lobão (PMDB-MA), que deixaram o partido.

CARREGANDO :)

Brasília – O projeto de fidelidade partidária aprovado a toque de caixa pelo Senado na noite de quarta-feira chegou ontem à Câmara debaixo de duras críticas. Deputados federais o compararam a medidas da ditadura militar (1964-1985) e disseram que ele tem "chance zero de aprovação".

"Isso é de dar inveja aos militares da época da ditadura. Eles não tiveram essa criatividade", afirmou o líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), referindo-se ao ponto do projeto que prevê cassação sumária, sem direito a defesa.

Publicidade

Em resposta às recentes decisões judiciais sobre fidelidade partidária, o Senado aprovou ontem, por unanimidade, uma proposta de emenda à Constituição de autoria de Marco Maciel (DEM-PE). Ela prevê que o presidente, governadores, prefeitos, senadores, deputados e vereadores que mudarem de legenda perderão o mandato se mudarem de legenda, com exceção de fusão, incorporação ou extinção do partido. Para isso, bastaria envio de comunicação do partido sobre a desfiliação à Justiça eleitoral (no caso de presidente, governador ou prefeito) ou à Casa Legislativa (no caso de senador, deputado e vereador).

"O maior pecado desse projeto é absolutizar a fidelidade. Absoluto no mundo só a morte, e mesmo assim para os ateus", disse o deputado Flávio Dino (PC do B-MA), que é juiz federal. "E não prevê ampla defesa, não prevê as exceções necessárias. Essa proposta não tem chance aqui na Câmara", disse.

Dino coordenou a aprovação na Câmara do projeto de fidelidade que, hoje, repousa sem tramitação no Senado. Pelo projeto da Câmara, há direito a defesa, várias exceções, além de janela de um mês a cada dois anos para a continuidade do troca-troca que ocorre hoje.

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), evitou comentar o teor da proposta, mas deu a entender que não dará caráter de prioridade ao texto do Senado, que segue para análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), depois para comissão especial e, se vencer essas etapas, só então vai para votação em plenário.

A Câmara não concluiu ainda o projeto de lei ordinária de reforma política que já teve parte rejeitada durante as votações no Plenário. Os deputados derrubaram, por exemplo, a chamada lista fechada, na qual os partidos estabelecem a ordem dos candidatos que concorrerão às eleições.

Publicidade