Um vídeo divulgado pelo site da revista Veja neste domingo (11) mostra a ação de dois policiais militares que, em agosto de 2014, perseguiram um carro em Nilópolis, na Baixada Fluminense, atirando contra ele. No total, nove tiros foram disparados e um deles atingiu a universitária Haíssa Vargas Motta, 22, que morreu após ser socorrida.
As imagens, que duram pouco mais de quatro minutos, são das câmeras internas e externas do carro policial. No início, os dois PMs contam, via rádio, que estavam perseguindo um outro veículo, preto, e chegaram a disparar nos pneus, mas o motorista conseguiu fugir.
Depois, em patrulhamento por uma rua de Nilópolis, os dois agentes acham suspeito um carro branco que passa por eles, dirigido por um motorista que usava boné. Um deles avisa a outro carro da PM que fazia patrulha, via rádio, que irá começar a perseguição. "Aí, quatro moleques agora aqui, 'estranhão'.(...) Quatro moleques, boné e tudo", diz o policial.
O vídeo mostra os agentes ligando as sirenes e começando a perseguição. O outro veículo não para, e o sargento Márcio José Alves, que estava no banco do carona, dispara nove tiros de fuzil contra o carro. A câmera externa, então, flagra os pedidos de socorro das amigas de Haíssa, que estavam sentadas com ela no banco traseiro.
A imagem seguinte já mostra os dois agentes dando carona para duas amigas da vítima até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Nilópolis, onde Haíssa foi socorrida.
No carro, um dos policiais indaga: "Por quê não pararam? Vidro aberto, escutando [o pedido] para parar". Quando uma das mulheres afirma que isso não seria motivo para os policiais terem atirados, o agente concorda. "Não, não justifica ter dado tiro, está bom?". Ao relatar a ocorrência pelo rádio, Alves, que havia atirado, comenta: "Não sei nem o que dizer".
Na época, o comando da Polícia Militar afastou quatro policiais que participaram da ocorrência dos serviços de rua -além dos dois no carro que atirou, outros dois estavam em outro veículo. Em sua defesa, os policiais contaram na delegacia que procuravam por um carro de cor branca. De acordo com eles, havia uma denúncia de que esse veículo estava realizando assaltos na região.
Os PMs disseram que sinalizaram para o carro em que estava a jovem, para que parasse, mas o motorista seguiu, o que motivou os disparos. A Folha de S.Paulo entrou em contato com a delegacia da Posse (58ª DP) para saber se já ocorreu a conclusão do inquérito, mas não obteve retorno.
PM cria comissão
O caso de Haíssa é semelhante ao da morte de João Roberto Soares, 3, na Tijuca, zona norte do Rio, em 2008. Na época, policias militares atiram contra o veículo onde estava a criança, antes de checarem quem estava dentro do carro. Ferido por tiros, o menino não resistiu.
Nesta semana, o comandante-geral da PM, Alberto Pinheiro Neto, criou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Estresse. O objetivo é criar estudos de caso para evitar acidentes, sobretudo os que resultem em ferimentos ou morte do PM, além de diminuir os riscos de vitimização e do uso abusivo de armas de fogo.
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião