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No Vox Bar há mais de 10 câmeras: “equipamentos são bons para a casa e o cliente” | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
No Vox Bar há mais de 10 câmeras: “equipamentos são bons para a casa e o cliente”| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Divergências

Proposta divide especialistas em segurança pública

Para a professora de Direito Penal Priscilla Placha de Sá, membro do Centro de Estudos de Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná, apesar da aparente sensação de segurança que as câmeras oferecem, a medida fere a privacidade das pessoas. "Não precisamos de um ‘big brother’ nos vigiado o tempo todo, invadindo a nossa privacidade", ressalta.

Segundo ela, não se pode partir da premissa de que todas as pessoas são criminosas. Priscilla indaga ainda qual será a aposta da segurança no futuro. Ela defende que as relações sociais devam ser muito mais duradouras que a ação das câmeras.

Já o sociólogo Luís Flávio Sapori, ex-secretário de Segurança Pública de Minas Gerais, acredita que a adoção do sistema de monitoramento é uma boa medida para a prevenção de crimes. "Também é uma boa forma para apurar possíveis crimes. Mas é claro que os equipamentos devem ser instalados em locais adequados, que ajudem na segurança do espaço", afirma.

A Câmara Municipal de Curitiba aprovou ontem em primeiro turno projeto de lei que obriga bares e casas noturnas da capital a instalarem câmeras de segurança. A medida atinge estabelecimentos com capacidade para mais de cem pessoas. Pelo menos duas câmeras devem ser colocadas nesses espaços – uma na saída, para flagrar a área externa, e outra no interior. A proposta visa a evitar a ocorrência de furtos, tráfico de drogas, brigas e também inibir que pessoas saiam do estabelecimento sem pagar a conta. As imagens das câmeras deverão ser armazenadas por, no mínimo, 30 dias.

O vereador Juliano Borghetti (PP), autor do projeto, explica ainda que outro objetivo é auxiliar os órgãos de segurança a identificar a autoria de possíveis crimes dentro e fora de bares e casas noturnas.

Segundo o projeto de lei, as câmeras terão de ser protegidas e instaladas em local que não permita a sua violação ou remoção. Também deverão ser fixados avisos aos clientes sobre a existência dos equipamentos. As imagens só poderão ser exibidas ou entregues a terceiros por meio de requisição formal, em caso de investigação policial ou para instrução de processo judicial.

O projeto tramita na Câmara desde setembro de 2011, depois da morte de dois jovens em uma casa noturna na Praça da Espanha, em Curitiba. De acordo com o vereador, a proposta não tem relação com o caso do James Bar. No último dia 6, o estudante Guilherme Koerich, de 18 anos, teria sido agredido por um funcionário do estabelecimento, em Curitiba, por não pagar a conta.

Repercussão

A nova lei agrada aos empresários do setor. Segundo o presidente estadual da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fábio Aguayo, toda medida amparada por uma legislação que garanta mais segurança à população é bem-vinda.

Para instalar o sistema de monitoramento, formado por duas câmeras e com equipamentos que armazenem as imagens, a estimativa é de que os proprietários gastem de R$ 2,4 mil a R$ 4 mil. Márcia Fontana, gerente do Vox Bar, já se adiantou à norma e tem no estabelecimento mais de 10 câmeras. "É um investimento bom para a casa e para o cliente", salienta. Para tornar-se lei, a medida deve ser aprovada em segundo turno e passar pela sanção do prefeito Luciano Ducci (PSB).

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