No primeiro fim de semana de rodízio no abastecimento de água em Curitiba, bares, restaurantes, hotéis, hospitais e postos de saúde tiveram que recorrer aos caminhões-pipa para atenuar os efeitos do racionamento. De acordo com a Sanepar, no sábado e no domingo foram distribuídos 38 carros, o equivalente a 570 mil litros d água. Destes, 30 foram destinados a estabelecimentos de saúde. Só para o Hospital de Clínicas (HC) foram destinados 13 caminhões.
Para sobreviver às 26 horas do racionamento sem prejudicar o atendimento aos pacientes, o HC recebeu 191,8 mil litros de água. No hospital são gastos, em média, 500 mil litros por dia, o que equivale ao consumo diário de 834 famílias com quatro integrantes. Os maiores gastos ocorrem na lavanderia, que consome 50% da água, e na esterilização de equipamentos e materiais. O diretor de Ensino, Pesquisa e Extensão do hospital, Ângelo Luiz Tesser, afirma que a inclusão num grupo do rodízio no fim de semana favoreceu o atendimento. "Se fosse num dia de semana, seriam necessárias mais adequações, como o remanejamento nas cirurgias e um atendimento apenas emergencial, como já acontece no sábado e no domingo", afirma.
Os donos de hotéis tiveram que comprar água para garantir o conforto prometido aos clientes. De acordo com o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Curitiba (Sindotel), Emerson Jamur, mesmo tendo poços artesianos, alguns hotéis compraram água para evitar constrangimentos com os hóspedes. Foi o que aconteceu com o proprietário do Hotel Doral Torres, Marco Antônio Fatuch, que improvisou para garantir água nos quartos. "Está tendo uma feira e estou com a capacidade do hotel esgotada. O reservatório não foi suficiente para todos os trabalhos e o cliente não tem culpa", disse Fatuch. Ele comprou 25 mil litros para abastecer o hotel durante as 12 horas em que faltou água.
Bares e restaurantes
Os bares e restaurantes das regiões afetadas pelo sistema de rodízio durante o fim de semana travaram uma luta contra os gastos de água. Onde o reservatório não deu conta, os proprietários fecharam as portas. No restaurante de Luiz Fernando Tonidandel, no Centro (afetado pelo rodízio na sexta-feira), a reserva de água para os banheiros acabou já à noite. A altura da caixa dágua impediu a compra de água. "Fui obrigado a fechar na hora do almoço de sábado. Abri novamente às 17h30, mas a água só chegou às 21h45. Nos viramos como deu", conta.
Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Luciano Bartolomeu, se não chover logo a situação dos bares e restaurantes da capital "vai ficar caótica". "Nem todos podem comprar água, o que prejudica a casa e o cliente, que é obrigado a buscar outras alternativas para alimentação", disse.
A Vigilância Sanitária intensificou a fiscalização em bares e restaurantes nos bairros onde há o racionamento. "Os estabelecimentos não podem funcionar sem ter água, fundamental para a higiene dos equipamentos e para os banheiros", alerta a coordenadora de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, Rosana Rolin Zappe. O não cumprimento das normas pode provocar multas, que variam de R$ 1 mil a R$ 10 mil, e interdição imediata.
Hoje, mais 352.510 pessoas serão afetadas pelo racionamento. O rodízio atingirá as cidades de Pinhais, São José dos Pinhais e Piraquara, além dos bairros Cajuru e Uberaba.
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