Os assaltos nas estações tubo de Curitiba motivaram o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) a realizar um protesto nesta quarta-feira (15). Com uma faixa escrita "atenção! Esta estação tubo é uma das mais assaltadas" fixada na parada da Praça Carlos Gomes, no Centro, a entidade procurou mobilizar a população e os governos municipal e estadual a investirem mais na segurança.
A Urbanização de Curitiba (Urbs) afirmou que a Guarda Municipal tem nove viaturas com dois homens cada para ajudar no policiamento das estações, mas que o trabalho deve ser realizado em conjunto com a Polícia Militar. Além disso, a Urbs informou que realiza outras ações de segurança nos pontos, como a instalação de câmeras do monitoramento.
As mais visadas
A faixa com o protesto da entidade circula desde novembro do ano passado pelos pontos de maior incidência de assaltos em Curitiba. Além do ponto da Carlos Gomes, o material já passou por quatro outras estações: Osternack, Xaxim (Rua Antônio Rebelatto), Paiol e Jardim Botânico.
De acordo com a Urbs, os pontos que mais sofreram com os assaltos foi o da Rua Coronel Luiz dos Santos, no Boqueirão, no sentido bairro, com 96 assaltos; o tubo que fica na mesma rua, mas que segue ao sentido Centro, com 58; a Estação Passarela (São Judas Tadeu), também no Boqueirão, com 59; e a Estação Xaxim, no bairro Xaxim, com 50.
Já o levantamento parcial do sindicato mostra que no ano passado, as estações mais perigosas tiveram muito mais do que um assalto por mês. É o caso da estação tubo João Viana Seiler, na Av. Marechal Floriano Peixoto, entre os bairros Parolin e Prado Velho. No local, a média de assaltos a cobradores no ano passado foi de 15 por mês.
Na estação Passarela (São Judas Tadeu), no Boqueirão, a média mensal de assaltos foi de 14. No mesmo bairro, cobradores da Coronel Luiz José dos Santos eram assaltados 13 vezes por mês. Também entra neste ranking a estação Paiol, no Prado Velho, teve média de oito assaltos a cada trinta dias.
No ranking dos maiores prejuízos está a estação Xaxim, na Rua Antônio Rebellato, por onde passa o ligeirinho Inter 2. Nos 34 assaltos registrados apenas entre novembro e dezembro de 2013 foram levados R$ 125.705,55 do caixa, segundo números do Sindimoc.
Na estação Eufrásio Correia, ao lado da Câmara Municipal, foram 18 assaltos no último bimestre de 2013, com um prejuízo de R$ 16.353,25 do caixa. No centro da capital, na estação Central, foram 14 assaltos nos quais foram levados R$ 11.892,50 no mesmo período.
De acordo com o Sindimoc, quando não há depoimento de testemunhas e registro de boletim de ocorrência, é o próprio cobrador que tem que arcar com o prejuízo.
A maioria dos assaltos cometidos em estações tubos são "discretos" e não deixam os cobradores feridos. Eliete Schneider, que trabalha há cerca de oito meses na estação Carlos Gomes, foi assaltada quatro vezes desde que começou a trabalhar no local. Na última vez, ela conseguiu fugir do ponto em direção a uma clínica de exames nas proximidades e foi perseguida pelo assaltante, que não conseguiu entrar no estabelecimento.
"A maioria dos assaltos é à tarde, porque muita gente sabe a hora que passa o malote aqui. Uma vez um passageiro simplesmente falou baixinho que era um assalto. Achei que era brincadeira, mas ele mostrou a arma só pra mim e fez o barulho do gatilho", conta a cobradora.
Nas quatro vezes em que foi assaltada, Eliete chegou a perder mais de R$1,2 mil reais. Em nenhum dos casos ela teve que fazer o reembolso para a empresa porque seguiu os procedimentos indicados: registrar boletim de ocorrência e colher depoimento de passageiros. "É complicado essa falta de segurança porque a gente não sabe se trabalha ou se esconde o dinheiro. Aí a gente fica sempre naquela aflição".
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