O Ministério da Saúde lançou ontem em Brasília a Campanha Nacional de Doação de Leite Humano. A iniciativa tem o objetivo de aumentar o número de doadoras. Todo o leite arrecadado é destinado para bebês prematuros. Em 2008, mais de 160 mil crianças foram atendidas. Hoje o Brasil tem a maior rede de bancos de leite do mundo de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). São 196 espaços em todos os estados onde as mães recebem incentivo para amamentar e doar. A tecnologia é repassada a 22 países.
No Paraná existem oito bancos de leite. Em 2008, o estado ganhou o título de rede mais produtiva do país. Os dois bancos localizados em Curitiba, mais os de Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá, Cascavel, Ponta Grossa e Toledo produziram mais de 16 mil litros de leite em um ano.
O médico João Aprígio, coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite, diz que hoje essa é uma das principais políticas de atenção à saúde de crianças prematuras. Ele argumenta que o sucesso da rede é resultado de um trabalho de mais de 20 anos. "Na década de 80 a Fundação Oswaldo Cruz iniciou uma série de pesquisas para o controle de qualidade. Hoje, estamos exportando essa tecnologia", diz. "É um ato de cidadania, porque o leite não é só a alimentação para os bebês, é uma questão de sobrevivência."
A coordenadora do Banco de Leite do Hospital Evangélico, Gabriela Vannucchi, explica que nesses espaços há um controle de qualidade rigoroso. O leite passa por testes e somente após análise ele é pasteurizado. Depois, há novos exames e só então o material é congelado e distribuído de acordo com as prescrições médicas. Eles arrecadam cerca de 100 litros por mês e não conseguem suprir toda a demanda. "É importante que as mães saibam que não precisa ter leite sobrando para doar. Com um pouquinho retirado entre as mamadas, é possível conseguir 1 litro por dia."
O outro banco da capital fica no Hospital de Clínicas. Em funcionamento há mais de 30 anos, recolhe cerca de 250 litros por mês. Além de fazer a arrecadação, os bancos também são responsáveis por orientar mães e estimular a amamentação. "É preciso sempre fazer campanhas. Percebemos que, quando o assunto fica fora de pauta por muito tempo, o número de doadoras cai", diz a coordenadora Celestina Grazziotin.
Presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Aristides Schier da Cruz afirma que o leite materno é importante para todas as crianças, mas em relação aos prematuros é primordial porque vai fornecer anticorpos. Além disso, como o sistema gastrointestinal é muito frágil, o leite é o alimento ideal. "Todas as crianças devem ser amamentadas até os 9 meses, mas a indicação é que, se a mãe tiver condições, o processo deve durar até os 2 anos."