Rio de Janeiro – Acusado de ser o parlamentar que mais ganhou no esquema dos sanguessugas, o deputado Fernando Gonçalves (PTB-RJ) já carrega no currículo outra história de desvio de verbas públicas. Ao lado do tio, o deputado Fábio Raunheitti (PTB-RJ) – um dos cinco "anões" cassados pela CPI do Orçamento em 1993 –, Gonçalves foi réu em uma ação penal que tramitou no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Justiça Federal do Rio, onde os dois eram acusados de desviar R$ 1,3 milhão do Sistema Único de Saúde (SUS). O processo foi extinto, sem julgamento. O desvio ocorreu em 1991 no Hospital Escola São José mantido pela Sociedade de Ensino Superior de Nova Iguaçu (Sesni), da qual Gonçalves era um dos diretores.

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Com 50 anos de idade, Gonçalves só atingiu seu terceiro mandato na Câmara graças à cassação do mandato do ex-presidente do PTB Roberto Jefferson. Nas urnas obteve 39,4 mil votos, insuficientes para se eleger. Tornou-se primeiro suplente. Antes de substituir Jefferson, em setembro de 2005, assumiu a vaga do pedetista Miro Teixeira, enquanto ele ocupou o Ministério das Comunicações – fevereiro de 2003 a janeiro de 2004.

A primeira acusação contra Gonçalves surgiu em inquérito da Polícia Federal para investigar fraude nas Autorizações de Internação Hospitalar. Em 1991, o Hospital Escola São José cobrou do SUS o referente a 13.459 internações – o que, segundo o perito Isaac Wajsbrot, "extrapolava em 44,33% a sua capacidade cadastrada". Para cobrar, o grupo inventava cirurgias. No tratamento de três supostas vítimas de queimaduras, faturaram o equivalente a 31 atos cirúrgicos, realizados em menos de 24 horas. O rombo foi de R$ 1,362 milhão, em valores atualizados.

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O inquérito só virou ação penal em junho de 2002. A demora fez que os crimes prescrevessem para Raunheitti, então com 74 anos. Três anos depois, ele morreu de câncer. Em 2004, quando Gonçalves devolveu a cadeira de deputado a Miro, o processo foi para a Justiça Federal do Rio, onde acabou extinto por conta da prescrição.