Em Campo Largo, na região metropolitana, a chuva de ontem e anteontem também causou transtornos. O grande volume de água num curto espaço de tempo encheu um córrego que corta a Vila Dona Fina, no bairro Ferraria, às 17 horas de terça-feira e ontem no começo da tarde, fazendo com que a água invadisse os imóveis próximos.
Na Rua João Aleixo, o riacho inundou oito casas. Numa delas, o carpinteiro João Aparecido Serafim recolhia os pertences da sogra, que teve a casa atingida pela água. Dentro, muita lama e a marca de aproximadamente um metro na parede. "Só deu tempo de levar a televisão na casa do vizinho. O resto foi todo perdido", relata. Na casa ao lado, onde mora o cunhado de Serafim, o montador de esquadrias de alumínio Laércio Lourenço Voycik, o estrago foi maior. A lama estragou geladeira, sofá, roupas e todo o mantimento. "Para me recuperar, eu teria que guardar todo o meu salário por uns dois meses", contabiliza Laércio, que recebe entre R$ 200 e R$ 400 por mês. Agora tem uma missão: buscar outro lugar para viver com a esposa e os quatro filhos. "Não tenho a menor idéia do que vou fazer, mas aqui não fico mais", diz ele, vítima da água três vezes.
Perto dali, o corretor de imóveis Eduardo Reis Sobrinho limpava a casa com a família. Os bueiros e uma valeta da Rua Arapongas, onde mora, não suportaram a vazão e entupiram, levando a água para a casa. Para tentar escoar o volume, Reis fez buracos na parede da garagem. "Se a prefeitura tivesse atendido o nosso pedido de vir limpar o bueiro, nada disso teria acontecido", afirma ele, que junto com a sogra ligou três vezes solicitando a limpeza no momento da chuva.
Assim como Voycik, Reis também planeja se mudar. Mas já sabe que terá prejuízo próximo de 25% do valor do imóvel por conta das enchentes. "Se não fosse esse problema, a casa poderia ser vendida por R$ 55 mil. Mas com isso, cai para R$ 38 mil", calcula. A reportagem procurou a prefeitura de Campo Largo, porém o telefone geral não atendia até o fechamento da edição.