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Nicolelis (à esquerda) e Haddad: prestígio de cientista possibilitou doação feita por suíços | Yusseff Abrahim/Divulgação
Nicolelis (à esquerda) e Haddad: prestígio de cientista possibilitou doação feita por suíços| Foto: Yusseff Abrahim/Divulgação

Pesquisa

Rumo à Califórnia brasileira

Rogerio Waldrigues Galindo

A instalação do Câmpus do Cérebro faz parte de um plano ambicioso liderado pelo neurocientista Miguel Nicolelis, indiscutivelmente um dos nomes mais importantes da ciência brasileira atual. Nicolelis é responsável por pesquisas de ponta na área da interação entre o cérebro e as máquinas. Seu trabalho ajuda a mente humana a comandar próteses mecânicas, por exemplo.

Anos atrás, o cientista prometeu transformar o Rio Grande do Norte, onde se instalou, na "Califórnia brasileira": ou seja, criar um centro científico de ponta para o país. O primeiro passo foi a criação do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra. O laboratório trabalha integrado com o Hospital Sírio-Libanês e dois outros centros comandados pelo brasileiro, um na Universidade Duke, nos EUA, e outro na Suíça. Junto com isso, veio a Escola Alfredo J. Monteverde, onde crianças e adolescentes têm acesso a educação tecnológica.

O Câmpus do Cérebro é o novo passo na "californização" do Rio Grande do Norte. A doação dos supercomputadores faz crer que o projeto já está decolando. Não é à toa que todos os anos se fala que Nicolelis será o primeiro brasileiro a receber o Nobel. Além do dom científico, ele sabe fazer as coisas acontecerem.

Brasília - Um supercomputador que pesa duas toneladas, custa cerca de R$ 20 milhões e vai auxiliar na continuidade de pesquisas científicas na área da neurociência, inclusive para a doença de Parkinson, foi doado pelo governo da Suíça ao Brasil. A máquina terá de ser transportada com geração própria de energia elétrica, para não deixar de funcionar no percurso, deve chegar em solo brasileiro no início do ano que vem. O anúncio foi feito ontem, em Brasília, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, durante as atividades do Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, que ocorre na capital federal até o fim da semana.

A doação foi feita por meio da Escola Politécnica Federal de Lausanne à Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa, organização não governamental presidida pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Para receber o equipamento da IBM, o Blue Gene/L, o Ministério da Educação (MEC) vai precisar construir um prédio dentro do Câmpus do Cérebro, em Macaíba, no Rio Grande do Norte. O Câmpus do Cérebro faz parte do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra, que está em funcionamento há quatro anos. Entre os projetos realizados está a escola de ciências, que atende mil crianças em idade escolar da rede pública de Natal e Macaíba no contraturno. O projeto prevê a disseminação do conhecimento científico a esses estudantes.

De acordo com o ministro da Educação já foram investidos cerca de R$ 100 milhões pelo governo federal para a viabilização do Câmpus do Cérebro. Mas, se forem considerados os investimentos da iniciativa privada, a contrapartida do estado do Rio Grande do Norte, e a doação de equipamentos, a soma pode chegar a US$ 50 milhões. "Essa doação só ocorreu pelo prestígio que possui o neurocientista Nicolelis. E o governo federal tem que apoiar este tipo de iniciativa", disse Haddad.

Nicolelis explicou que o supercomputador, batizado de 14 BIS-21, possui 16 mil processadores e a capacidade de realizar 46 trilhões de operações por segundo (ou 22 teraflops). A máquina possui um sistema especial de ar condicionado e consome energia suficiente para abastecer o câmpus inteiro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). "A Suíça nunca fez uma doação como essa. Teremos o melhor equipamento do hemisfério sul nesta área", diz o neurocientista brasileiro.

O supercomputador será capaz de realizar pesquisas nas áreas neurológicas, de clima, geológica, genômica e até mesmo auxiliar nos processamentos das informações do pré-sal. "É uma máquina de múltiplos usos que foi produzida com o intuito de ser usada em projetos avançados. Poucos países do mundo têm essa capacidade computacional de alto impacto", completa o neurocientista. O 14 BIS-21 é o 111.º no ranking dos 500 supercomputadores mais potentes do mundo.

Nicolelis também explica que uma outra máquina gráfica virá ao Brasil após a instalação do 14 BIS no Câmpus do Cérebro. Em janeiro, o equipamento será instalado provisoriamente na plataforma da IBM no Brasil, em Horto­lândia, no interior de São Paulo. A vinda da máquina também inclui parceria de capacitação de pesquisadores e técnicos em computação para atuar na operação de supercomputadores. "Pesquisadores brasileiros vão estagiar na Suíça para aprender a operar", diz.

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