O Canal Hipócritas, que possui aproximadamente um milhão de seguidores no YouTube e se dedica à produção de conteúdos de humor com alinhamento conservador, teve um vídeo removido devido ao que a plataforma considerou uma “violação das diretrizes” nesta sexta-feira (19). O vídeo em questão, que havia sido publicado na quinta-feira (18), fazia uma sátira de outro vídeo publicado pela atriz Maria Flor, no qual ela critica o presidente Jair Bolsonaro por não haver carnaval em 2021.
Segundo o YouTube, como se trata da primeira remoção de conteúdo no canal, nenhuma outra medida será adotada. No entanto, caso ocorra um novo episódio que a plataforma entenda como “violação”, o canal pode ser suspenso por tempo determinado e, em novas ocorrências, pode haver até mesmo a exclusão em definitivo da conta.
De acordo com Augusto Pacheco, um dos integrantes do canal Hipócritas – que, dentre outros assuntos, critica a defesa do aborto, a ideologia de gênero e os partidos de esquerda – o motivo alegado pelo YouTube ao remover a publicação foi “Bullying Virtual”, uma vez que os humoristas ironizaram o comportamento da atriz.
“Fizemos uma sátira sobre o vídeo que a Maria Flor postou esses dias sobre o carnaval, em que ela fala um monte de besteiras. Só que é o seguinte: não estou falando que ela é gorda, magra, cabeluda, careca. Estou questionando a fala. Não estou falando um adjetivo que se configure como bullying. Foi uma brincadeira sobre a fala da Maria Flor e não sobre a pessoa dela. Há um erro na contestação”, observa Pacheco.
No vídeo publicado por Maria Flor, que motivou a sátira do Canal Hipócritas, a atriz recorre a uma série de termos que podem ser considerados inadequados a determinadas faixas etárias ao alegar que as festas de carnaval não puderam acontecer neste ano graças à falta de vacinação, e isso teria ocorrido, segundo ela, em razão de omissões do presidente da República.
“Todo mundo sabe de quem é a culpa por não ter carnaval. É do infeliz do Bolsonaro. Se lá em julho de 2020 tivesse organizado essas vacinas, agora tinha carnaval. Se tivesse organizado, agora todo mundo estaria ‘trepando’. Esse homem quer acabar com o carnaval, quer acabar com o sexo e ninguém mais ‘trepa’”, cita a atriz. Em outros momentos, ela discorre sobre o que faria caso houvesse carnaval. “Eu ia estar toda suja, toda lambuzada de cerveja, com xixi e ‘gozo’ de alguém. Uma ‘lambeção’. E só p*****a, p*****a gente. É disso que o Brasil precisa: p*****a”, disse a atriz.
Humorista critica parâmetros de exclusão diferentes entre os lados políticos
Na avaliação de Augusto Pacheco, na plataforma de vídeos há “pesos e medidas” diferentes para produtores de conteúdo que possuem visões políticas e ideológicas mais alinhadas à esquerda e à direita.
“O problema não é nem a censura em si. Se a plataforma é clara ao especificar que não quer que fale sobre política, tudo bem, eu não entro nessa plataforma. O problema é o site dizer que não quer que aborde política, mas uns podem falar e outros não”, declara o humorista. “Acredito, sim, que exista uma vigilância de dentro da plataforma contra grupos que se manifestem como ‘de direita’. Temos canais de direita que têm sido deletados, lives que têm sido retiradas do ar. Não faz sentido expressar sua opinião e ser retirado do ar”.
Pacheco endossa que, em sua avaliação, a exclusão do vídeo não tem a ver com denúncias de outros usuários, e sim de algum mecanismo interno da plataforma. “O vídeo tinha 100 ‘dislikes’ para 20 mil curtidas. Se tivesse algo que não fosse positivo e o pessoal começasse a denunciar, no mínimo teria um número muito mais significativo de ‘dislikes’, e aí poderíamos entender. Não faz sentido”.
O humorista afirmou à reportagem que os integrantes do canal irão recorrer ao YouTube pedindo para que a punição seja retirada.
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