Vicentina joga cartas com os colegas Aguiar e Waldomiro após tratar um câncer no seio: do desespero ao alívio| Foto: Christian Rizzi / Gazeta do Povo

"Na roça, fumar é comum", diz agricultora

Apesar da incidência cada vez maior em adultos jovens, o câncer ainda é mais comum entre pessoas com mais de 50 anos. As chances de qualquer um dos tipos de câncer se desenvolver em fumantes, consumidores freqüentes de bebidas alcoólicas e em trabalhadores rurais expostos aos agrotóxicos são ainda maiores.

Leia a matéria completa

CARREGANDO :)

Atenção

Confira algumas dicas que podem ajudar a identificar algumas das neoplasias malignas de maior incidência:

Câncer de pulmão

> Entre os sintomas mais comuns estão tosses frequentes, pigarro, escarro com sangue e pneumonias repetitivas. Mais letal que os demais, também é o mais difícil de ser diagnosticado.

Câncer de próstata

> Exames de sangue a partir dos 40 anos pelo menos uma vez por ano. Dores na bexiga, sangue na urina e dificuldades para urinar são percebidos somente quando há um aumento da próstata, nesse caso já bastante afetada.

Câncer de colo de útero

> Exame preventivo feito uma vez por ano a partir dos 15 anos. Sangramento é um sintoma da doença em fase avançada.

Câncer de mama

> Autoexame dos seios desde a adolescência e a mamografia a partir dos 35 anos, que ajudam a identificar possíveis nódulos.

Veja que o câncer é a segunda doença que mais mata em todo o mundo

Foz do Iguaçu - Com 31,75 mortes por câncer de pulmão, brônquios e traqueia para cada grupo de 100 mil ho­­mens, a região de Francisco Bel­trão, no Sudoeste do estado, mantém o título de campeã estadual de óbitos por esse tipo de neoplasia. A doença tem diagnóstico difícil e, entre outras causas, está relacionada ao consumo precoce e excessivo de álcool e cigarro. Os maus hábitos combinados com o trabalho desmedido na lavoura e com o contato frequente com agrotóxicos acabam traduzidos em estatísticas preocupantes. Os dados são de um levantamento feito pelo Comitê Estadual de Prevenção da Morta­lidade por Câncer (CEPMC), referentes ao perído de 2004 a 2008, divulgado na semana passada.

Publicidade

O índice da região é o dobro das mé­­dias estadual e nacional de 2008, quando o Brasil registrou 15,5 mortes por 100 mil homens e o Paraná, 16,98, terceiro no ran­­king nacional, depois do Rio Gran­­de do Sul e de Santa Catarina. Mes­­mo alarmante, o quadro não é no­­vidade para os profissionais de saúde. Informação confiável, detalhada, precisa e regionalizada é fundamental para se conhecer a doença, saber como ela se comporta e promover ações para freá-la, minimizando as taxas de mortalidade, observa a chefe da Divisão de Vigilância de Doenças Não Transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde, Alice Tisserant.

O levantamento indica ainda que no restante do país, o câncer de pulmão é o segundo que mais ma­­ta entre as mulheres, perdendo apenas para o de mama. Em terceiro, aparece o câncer de cólon e reto. No mesmo ritmo do Sudoeste do estado, entre os homens, o câncer de pulmão também figura em primeiro lugar na lista de tumores malignos que mais levam à morte, seguido do câncer de próstata e de estômago.

Integrante do comitê, Alice garante que o estado vem adotando medidas a fim de alertar a população e orientar os profissionais de saúde para que qualquer suspeita seja diagnosticada o mais rápido possível. "Os resultados das pesquisas e o ajuste dos dados são levados ao conhecimento de toda a rede de atenção oncológica. Além dos protocolos comuns, são definidas também estratégias específicas para cada região e situação em que se destaca." A prevenção e o controle do câncer, reforça, estão entre os desafios científicos e de saúde pública mais importantes da atualidade.

Combate

Referência para o Oeste e Sudoeste do estado, o Centro de Oncologia Cascavel (Ceonc) recebe pacientes de mais de 180 municípios do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Por dia, são realizadas entre 400 e 450 consultas, 150 sessões de radioterapia e outras 80 de quimioterapia, todas pagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Equipado com um centro cirúrgico com cinco salas e cinco leitos de UTI, no prazo de 60 dias deve passar a oferecer os tratamentos especializados também em Francisco Beltrão, onde já existe uma unidade voltada somente às consultas.

Publicidade

Como ressalta o diretor-administrativo do Ceonc, Paulo Ferri, o volume de atendimento impressiona, mas poderia ser ainda maior. "O trabalho de conscientização das pessoas é lento e os resultados são demorados. O câncer assusta e faz com que muitas pessoas evitem saber que podem estar desenvolvendo a doença. Mas, justamente por isso é que deveria receber uma atenção maior. Hoje os tratamentos são menos traumáticos e mais eficazes", aponta. Em 17 anos de atividade, o hospital conta atualmente com 3 mil pacientes em tratamento e outros 7 mil com a doença controlada.

Quanto mais no início diagnosticado o câncer e dependendo do local atingido, maior a sobrevida. "A neoplasia de pulmão é uma das mais difíceis de ser detectada. Isso acaba fazendo com que a doença avance e se espalhe para outros órgãos vitais", explica Ferri, ao lembrar a importância de se procurar o médico ao se notar qualquer mudança no corpo. "Não são raros os casos de pessoas que chegam muito debilitadas, com poucas chances de sobrevivência. Por outro lado, o volume de pacientes curados também aumenta a cada ano, à medida que percebemos também importantes mudanças de comportamento aliadas a avanços na medicina."