Curitiba Os seis candidatos a presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) encerraram ontem, em Curitiba, uma série de sete debates eleitorais com discursos que mostram a pressa dos líderes em superar a avalanche de críticas dos filiados registrada nos últimos três meses. Diante de 120 militantes, mesmo os candidatos que se opõem ao Campo Majoritário grupo que comanda o PT e enfrenta denúncias de corrupção mostraram-se preocupados em agradar as bases petistas. A idéia é dar uma resposta aos grupos descontentes a partir das eleições do próximo dia 18.
Para o vereador de Cascavel Aderbal de Holleben Mello, candidato a presidente pela chapa Sempre na Luta, é necessário mudar a cúpula para garantir a unidade do partido. Ele diz que não se opõe frontalmente ao Campo Majoritário, mas reprova seus métodos e alianças. "Se quisermos recuperar o PT, é preciso levantar antigas bandeiras."
O deputado André Vargas, que preside o PT paranaense e tenta se reeleger pela chapa Com Unidade Construindo um Novo Brasil, diz que a crise não pode ser deixada de lado, mas que é necessária uma avaliação abrangente. Para ele, o PT evoluiu. "Aprendemos muito na correlação de forças e preservamos o sentido de democracia."
Para o ex-prefeito de Maringá, João Ivo Caleffi, do Movimento Paraná, a mudança na direção interna é inevitável. Ele argumenta que os militantes demonstram aversão à continuidade. Caleffi acredita que é hora dos dirigentes voltarem a concentrar suas atenções nas bases. "Se isso ocorrer, o PT poderá inclusive sair fortalecido da crise", afirma.
O deputado Tadeu Veneri, da chapa Mudanças Já, argumenta que o objetivo dos candidatos contrários ao Campo Majoritário não é destruir o PT. As críticas, defende, devem ser historicamente embasadas para que o partido seja preservado. Ele diferencia a história do PT em duas fases, antes e depois da ascenção do Campo Majoritário, a partir de 1985.
O resgate dos princípios éticos é uma exigência das bases, defende o deputado federal Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha, da chapa Coragem de Mudar. Cauteloso durante a publicação das primeiras denúncias, Dr. Rosinha defende que não há mais como adiar mudanças nos grupos dirigentes. Para ele, a ala que sempre criticou acordos com partidos de bases ideológicas diferentes merece mais espaço.
O professor Alfeo Luiz Cappellari, do grupo Terra, Trabalho e Soberania, não poupa críticas inclusive ao processo eleitoral. Em sua avaliação, o atual sistema privilegia os candidatos que têm "o aparelho" a seu favor. "O debate é esclarecedor, mas o que decide a eleição é a relação com as bases", prevê.
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