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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Quem reclama do clima de Curitiba o faz com razão: é uma das capitais mais frias, com maior volume de chuva acumulado e maior número de dias chuvosos. Para dar vazão ao aguaceiro, é fundamental um sistema de drenagem eficiente, com reparos às obras feitas no passado e visão moderna e sustentável para os novos projetos.

Curitiba acumula 81 mil milímetros (mm) de chuva desde 1961 a 2016, período para o qual há dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Fica atrás de São Paulo (84,8 mil), mas à frente de Florianópolis (74,7 mil) e Porto Alegre (69,7 mil), considerando apenas as capitais com clima subtropical do Brasil. Na quantidade de dias chuvosos, porém, a capital paranaense é campeã: 7.257 dias desde 1961, contra 7.116 em São Paulo.

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Segundo o engenheiro civil Carlos Mello Garcias, do programa em Gestão Urbana da PUCPR, as administrações públicas em Curitiba tentaram cumprir seu papel ao longo do tempo, executando algumas das obras indicadas para drenagem. “Antigamente, a canalização de um rio era a solução urbanística feita em todos os lugares; hoje seria crime. A visão de drenagem sustentável dos dias de hoje prevê obras como bacias de contenção, que foram feitas em parques e praças”, resume.

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O desafio, diz ele, é executar as novas obras necessárias e gerenciar a herança deixada. “Necessitamos urgentemente de um cadastro dos rios ‘entubados’ e vistoria das obras. As galerias feitas no passado vão ruir, essa é a tendência, pois seu tempo útil de vida está chegando ao fim”, diz. Como exemplo, há a cratera que se abriu em junho no Centro de Curitiba, na Praça Carlos Gomes, localizada sobre o Rio Ivo.

Em situações extremas como essa, diz Garcias, há risco para as pessoas, que podem ser engolidas por crateras semelhantes. Só uma vistoria vai indicar os reparos necessários, ou se é caso de substituição e grande reforma, explica. “Mas a questão básica é que a drenagem, ou falta dela, está associada a muitos problemas de saúde pública”, acrescenta.

Planejar é preciso

Para gerenciar esse tipo de situação, os municípios são orientados a fazer um plano de águas pluviais, Independentemente disso, devem fazer um planejamento conjunto dos serviços de água, esgoto, drenagem e resíduos, dentro de um Plano Municipal de Saneamento Básico. Pela legislação em vigor, cada cidade tem que ter um plano aprovado até 31 de dezembro de 2017.

“Os quatro serviços estão interligados. O esgoto não tratado vai cair nas galerias de drenagem; o lixo que não é recolhido vai cair no rio, e assim por diante”, explica o consultor em saneamento básico Luiz Fernando Orsini Yazaki. Segundo ele, os sistemas modernos de drenagem contribuem para reduzir a poluição e também o risco de inundações, alagamentos e enchentes. “O prefeito que quer fazer uma boa administração precisa ver as coisas em conjunto. As águas da natureza são uma só”.

Para ampliar serviço, especialista sugere cobrança de taxa

As prefeituras costumam destinar uma pequena parte do orçamento para investir em drenagem. Para dar conta de todas as obras necessárias, o ideal seria cobrar uma taxa específica, diz o consultor em saneamento básico Luiz Fernando Orsini Yazaki.

Ele reconhece que a população se opõe à criação de novas taxas, mas avalia que o impacto financeiro individual seria muito baixo. “Em Santo André é cobrado desde 1997. No início houve muita reclamação, mas depois as pessoas viram que o valor cobrado era tão pequeno que valia a pena pagar”, destaca.

Segundo levantamento feito pela Rhama Consultoria Ambiental em 2013, inicialmente o valor cobrado em Santo André era muito baixo: até 2005, em torno de R$ 2,50 por mês por propriedade. Na época, a experiência nacional e internacional apontava para a cobrança de uma taxa de R$ 7 a R$ 10 por mês.

Gestão estadual

Outra medida fundamental, segundo Yazaki, é a parceria com outros municípios e a gestão estadual do sistema. “A Bacia Hídrica do Alto Iguaçu, que cobre Curitiba, abrange vários municípios, é preciso um planejamento em conjunto”, aponta.

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