Entre janeiro e novembro, 43,3 mil carros, motos e caminhões se incorporaram à frota de Curitiba. Com isso, a cidade chega a 1,192 milhão de veículos e continua sendo a capital mais motorizada do país, com um automóvel para cada 1,4 habitante, contra um para 1,5 habitante em São Paulo e um para 2 habitantes em Porto Alegre. Isso ajuda a explicar por que o trânsito está cada vez pior. Na média, quase 900 novos veículos passaram a circular por semana em Curitiba. Perfilados, eles formariam uma fila de 3,6 quilômetros a cada sete dias, ou 172 quilômetros ao longo do ano, considerando-se todos com 4 metros de comprimento.
Desses 43 mil novos veídulos, mais da metade é de carros de passeio (26 mil). O ritmo de crescimento da frota segue a tendência nacional (veja infográfico). Em comparação com 2009, o número total de carros, motos e caminhões registrados na capital paranaense cresceu 3,8%, pouco acima do aumento de Porto Alegre e São Paulo.
Mudanças e lentidão
Apesar do aumento contínuo do número de carros, o espaço da cidade não cresceu. A alternativa da Diretoria de Trânsito (órgão da prefeitura que gerencia o tráfego na cidade) foi intervir para melhorar a fluidez. Sistemas binários foram criados, ruas de mão dupla sofreram modificações para um único sentido, mais radares e barreiras eletrônicas ganharam as ruas e novas vagas de Estacionamento Regulamentado (EstaR) foram criadas. Mas foi quase como enxugar gelo. Junto com o crescimento da frota, aumentou a sensação de lentidão nos deslocamentos.
Apesar disso, a política de gestão de trânsito na cidade não terá grandes alterações em 2011, segundo a diretora da Diretran, Rosângela Battistella. A novidade, a curto prazo, é a conclusão das obras do Anel Viário e a implantação de uma Central de Controle Operacional de Tráfego (veja matéria ao lado). As duas medidas juntas facilitariam as intervenções pontuais no trânsito para melhorar a fluidez, mas Batistella diz que não há muitas mágicas no setor. "A cidade não tem como aumentar seu espaço na mesma proporção (do crescimento de veículos)." O problema continua sendo o grande número de carros. Segundo a Diretran, bairros nobres, como o Mossunguê e o Batel, têm mais carros do que pessoas. O índice de carros por habitante é maior do que no restante da cidade e chega-se a ter um carro para 0,8 habitante.
Para o especialista em trânsito e diretor de Relações Internacionais da Perksons, José Mário de Andrade, a tendência é a mobilidade ficar cada vez mais complicada. Ele diz acreditar que dentro de 4 anos algumas cidades brasileiras devem adotar a política de Londres, que implantou pedágio na área central. No caso de Curitiba, o palpite é que em 12 anos o motorista terá de pagar uma taxa para circular de carro no Centro. "Nenhum político quer falar disso, mas é necessário."