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Comportamento

Capital sobre quatro rodinhas

A Praça do Gaúcho, no bairro São Francisco, é frequentada por adultos e crianças, como Eduardo Piccione, de 11 anos | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
A Praça do Gaúcho, no bairro São Francisco, é frequentada por adultos e crianças, como Eduardo Piccione, de 11 anos (Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo)

Quando 15 mil skatistas ocuparam o centro de Curitiba na última edição do Go Skate Day promovida na capital em junho, as atenções se voltaram para eles. Relatos de confusões envolvendo praticantes e a Guarda Municipal ampliaram ainda mais essa visibilidade. Afinal, quem são esses jovens que andam por parques e ruas em cima de uma prancha com rodinhas?

A resposta é mais complexa do que parece. Um levantamento que está sendo feito pela Federação de Skate do Paraná (FSP) indica que em Curitiba entre 60 e 80 mil pessoas, de diversas idades, praticam o esporte, seja por profissão ou lazer, e estão espalhadas por toda a cidade. Apesar do grande número de adeptos, a cidade ainda conta com poucas opções de pistas. A prefeitura mantém 27 espaços públicos, mas, segundo os skatistas, muitos espaços necessitam de revitalização e modernização porque estão abandonados.

Para Adalto Elias Fe­rreira, presidente da FSP, e Guilherme Gonçalves, da Associação dos Skatistas da Praça, é difícil definir um perfil único do skatista curitibano porque não há barreiras sociais e geográficas entre os praticantes. No entanto, para eles é preciso melhorar a qualidade das pistas urgentemente. "Temos pistas precárias. O skate evoluiu, o número de praticantes aumentou, mas as pistas não acompanharam", lamenta Gonçalves.

Celeiro de campeões

Como Curitiba é um celeiro de campeões do esporte, como Rodil Jr. – o Ferrugem – e Daniel Vieira, a expectativa dos skatistas é de que o poder público valorize mais a atividade. "Curitiba é o cenário do skate e não tem uma boa infraestrutura", analisa Ferreira.

Prova da importância da cidade para o esporte é a mobilização atingida com as edições do Go Skate Day, que reúnem milhares de pessoas a cada ano. O ato começou como forma de protesto pela possibilidade de retirada da pista na Praça Afonso Botelho, por causa das obras de readequação da região para a Copa do Mundo de 2014 e do Estádio Joaquim Américo.

Mais que esporte

Todo o universo que envolve o skate – que inclui a música e o grafite – atrai William Verdi, de 26 anos, que dá aulas e oficinas sobre o esporte. "O skate abre portas e leva a gente para um bom caminho. Além do esporte, também gera empregos", ressalta.

Quem não compete ou dá aulas, também pode usar o skate para praticar outras atividades. Esse é o caso de Heverton de Freitas, de 24 anos. Apesar de já ter conquistado vários títulos em campeonatos de skate amador, seu trabalho hoje é fotografar e fazer vídeos de skate de rua para revistas especializadas no assunto. "É difícil viver do esporte, conseguir patrocínio. A gente ainda enfrenta bastante preconceito da galera que te vê, mas não sabe o que você faz. Há oito anos tenho independência financeira por causa do skate", diz. Para ele, o melhor da prática é a mudança do ponto de vista que ela causa. "Você enxerga a cidade de outro jeito e forma uma família", diz.

Paixão

Praça reúne praticantes de todas as idades

A manhã de sol e céu aberto em Curitiba atraiu vários skatistas para a pista do Gaúcho, na Praça do Redentor, no começo de agosto. No local, crianças e adultos deslizavam em movimentos cadenciados pelas curvas da pista. Experientes e novatos dividem o espaço pelo prazer de andar sobre as quatro rodinhas.

Skatista há apenas dois anos, Eduardo Piccione, de 11 anos, aproveita a proximidade da pista com sua casa para andar no local todas as manhãs. "Fiz muitos amigos e aprendi a fazer várias manobras", conta o menino, que começou a andar de skate depois de observar um amigo que praticava o esporte na praia. Assim como ele, Shayton Gustavo Cristo Lopes, de 13 anos, também é figurinha carimbada na pista do Gaúcho. O garoto, que mora em Almirante Tamandaré, mas estuda em Curitiba, anda de skate antes das aulas. "Venho todos os dias", diz.

As ondas da pista do gaúcho também atraíram o metalúrgico Alexandre Toti Sobrinho, de 29 anos, para o esporte, em substituição ao surfe. Ele morava no Litoral e, ao se mudar para Curitiba, trocou o tipo de prancha.

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