O vigilante Rodrigo Luz se entregou à polícia após 68 horas de negociação| Foto: Wesley Santos/FotoArena-AE

Porto Alegre - O vigilante Rodrigo Luciano Luz, 32 anos, libertou sua ex-mulher Josiane Pontes, 29 anos, depois de mantê-la em cárcere privado durante quase 70 horas, às 20h20 de ontem, em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.

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Ele saiu escoltado por oito agentes do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Brigada Militar e foi conduzido à área judiciária da Polícia Civil. Depois de exames e do depoimento, seria transferido para o Presídio Central de Porto Alegre, já na madrugada de hoje. A vítima deixou a casa chorando e desmaiou logo que pisou no pátio. Depois de reanimada, foi levada a um hospital para exames.

Depois de concluir a negociação que obteve a rendição do sequestrador, o coronel Jones Calixtrato dos Santos revelou alguns detalhes do caso. O drama da mulher começou às 23h30 de sexta-feira, quando o ex-marido entrou na casa em que ela estava com os dois filhos do casal, de 11 e 8 anos. Manifestando-se inconformado com a recente separação e portando um revólver calibre 38, adquirido no dia anterior, ele teria ameaçado matar a ex-mulher e se suicidar. Na manhã de sábado, chegou a disparar contra um cunhado dela que tentou entrar no pátio, sem feri-lo. Logo depois libertou as crianças.

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Ao longo das negociações, Luz chegou a admitir a rendição por três vezes, mas desistiu da intenção por medo de ser agredido pelos policiais que cercavam a casa. "No primeiro dia ele estava muito exaltado, depois foi se acalmando", relatou o coronel. "Ele foi perdendo o medo ao ver que o que falávamos acontecia e que o que prometíamos seria cumprido".

Segundo o subcomandante da Brigada Militar, a paciência dos negociadores foi fundamental para que o caso terminasse bem. "Graças a isso, é possível que tenhamos evitado a perda de duas vidas", avaliou.

A Brigada Militar do Rio Grande do Sul afirma que esse foi o mais longo caso de cárcere privado no estado. Em 2002, um homem manteve nove pessoas reféns por 27 horas.

Em novembro de 2008, a jovem Eloá Pimentel foi mantida refém por mais de 100 horas pelo ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes. O desfecho foi a morte da adolescente de 15 anos.