Parentes denunciam violência contra presos na penitenciária de Piraquara
O caso da agressão ao agente penitenciário aconteceu na cela ao lado da que foi alvo de denúncias de violência policial feita por familiares nesta terça-feira (3). Durante a tarde de ontem, três advogados, uma mãe e 12 esposas de detentos foram à Vara de Execuções Penais pedir providências. A direção da penitenciária reconhece que policiais jogaram uma bomba de efeito moral nos presos e que seis ficaram feridos, mas diz que foi um "mal necessário".
As seis partes do complexo penitenciário de Piraquara, região metropolitana de Curitiba, estão bloqueadas nesta quarta-feira (4), diz o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen). A restrição ocorre em protesto pelo fato de um agente ter sido agredido na quarta galeria da Penitenciária Estadual de Piraquara 1 (PEP 1). Eles pedem melhores condições de segurança e dizem que só vão reabrir a PEP 1 após uma resposta do governo do estado. As outras cinco unidades devem ter atividades normais já a partir desta quinta.
A informação foi repassada pelo vice-presidente do Sindarspen, Anthony Johnson. Ele disse que as unidades estão "na tranca", o que significa que os presos não podem sair das celas para nenhuma atividade, como o banho de sol. "Hoje temos muita ameaça de morte, desrespeito, indisciplina. O presídio não vai voltar ao normal até a Seju [Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos] dar uma solução definitiva."
A agressão ao agente penitenciário ocorreu por volta das 17h30 e contou com a participação de seis presos, segundo o sindicato. A Seju, via assessoria de imprensa, informou outro número e disse que foram três presos que agrediram o agente. Ambas as entidades, porém, confirmam que o carcereiro foi agredido e que precisou ser encaminhado ao hospital. A parte da orelha do agente foi a mais atingida pelos golpes.
Johnson diz que, além de socos e pontapés, os presos utilizaram um ferro que na linguagem do presídio é conhecido como "estoque". São ferros retirados de paredes destruídas ou mesmo pedaços de camas de metal que são afiados em uma das pontas. Na outra parte, panos são enrolados como cabos e o objeto passa a ser uma arma rudimentar. "Ele foi encaminhado para o Hospital Angelina Caron e está em observação ainda, bastante machucado e quase atingiu o tímpano. Mas ele teve ferimentos em todo o corpo."
De acordo com a assessoria de imprensa do Hospital Angelina Caron, o agente penitenciário foi liberado por volta do meio dia e ele tinha ferimentos leves.
Reunião
De acordo com o diretor-geral da Seju, Leonildo de Souza Grota, a situação na PEP 1 é grave e oferece risco não apenas aos agentes penitenciários, mas também aos próprios presos. Para combater o problema, um ofício será enviado ao comando da Polícia Militar (PM) na quinta-feira (5) pedindo a presença de policiais na penitenciária. "O pedido será feito em regime de urgência. A reivindicação era dos próprios agentes penitenciários, já que os policias podem usar armas, diferentemente dos agentes", comenta Grota.
Até que os PMs estejam presentes, a unidade continua bloqueada. Segundo a assessoria de imprensa da PM, se essa determinação for encaminhada à polícia, ela será cumprida.
A Seju lembrou que o trabalho de agente penitenciário é considerado de risco e que, por isso, eles recebem um adicional de mais de 100% sobre o salário. O órgão informou ainda que, se a apuração constatar que o problema ocorreu por falta de condições de segurança, vai determinar sejam tomadas precauções para que sejam evitados novos problemas do tipo.
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