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Médicos discutem eficiência do stent

Uma polêmica tem colocado em lados opostos os cardiologistas clínicos e intervencionistas: "quando é realmente necessário o uso do stent – uma espécie de mola metálica que é implantada no interior das artérias coronarianas obstruídas, com o objetivo de normalizar a irrigação sanguínea?"

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O diretor clínico do hospital cardiológico Costantino Costantini, de Curitiba, Marcelo de Freitas Santos, rebateu nesta sexta-feira (19) os resultados do estudo Courage (sigla em inglês para Resultados Clínicos que Utilizam Revascularização e Avaliação de Droga Agressiva), que apontou que não houve diferença na mortalidade nem no risco de enfarte entre pacientes com obstrução cardíaca tratados clinicamente e os que foram submetidos à angioplastia com stent (espécie de mola metálica que desobstrui e dilata as artérias). "Isso gera muita expectativa em pacientes que receberam o stent", afirmou.

O estudo, publicado no "New England Journal of Medicine", acompanhou 2.287 pessoas com artérias parcialmente obstruídas e angina estável, entre 1999 e 2004. Divididos em grupos, metade foi submetida a tratamento clínico rigoroso e a outra, além desse acompanhamento, teve a colocação do stent. Os resultados foram semelhantes. "Houve a mesma mortalidade, mas os que receberam o stent tiveram melhor qualidade de vida, com menor dor no peito (angina)", destacou Santos. Além disso, ressaltou que, dos que estavam fazendo apenas tratamento clínico, 32% precisaram passar também pela angioplastia.

Segundo ele, o grupo de pacientes do estudo Courage foi sendo selecionado ao longo do tempo, permanecendo aqueles que estavam com situação mais estável, encerrando-se com 6% do volume inicial. "São pacientes extremamente selecionados, diferente dos que procuram os serviços cardiológicos, muitos deles obesos, diabéticos, fumantes", ponderou. "O resultado de modo algum pode ser extrapolado para a realidade de nossos pacientes, dizendo que a intervenção e o stent não têm seus benefícios."

O cardiologista destacou que o stent, principalmente o farmacológico, foi um dos grandes avanços do setor. Atualmente, quase 6 mil pessoas são submetidas mensalmente à angioplastia no Brasil, a maioria absoluta com colocação do equipamento. "Todas as ações são embasadas pela literatura internacional e por diretrizes da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI)", disse. "É verdade que o procedimento ainda é caro, mas a segurança é comprovada."

Santos ressaltou ainda que críticas sobre colocação aleatória ou de forma exagerada do stent não têm procedimento, visto que toda intervenção de angioplastia no Brasil é cadastrada no banco de dados da SBHCI. "Os resultados de cada Estado e de cada profissional são analisados, com os dados disponíveis no site", afirmou. "Há condições de observar distorções em termos de indicação ou de resultados."

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