O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou neste sábado, em Salvador, que já pediu a reserva de vagas em dois presídios de segurança máxima para transferir, se for preciso, policiais militares criminosos. Eles estão em greve há cinco dias, e a região metropolitana da capital baiana enfrenta uma onda de criminalidade. Em 30 horas, entre a 0h de sexta-feira e as 6h deste sábado, 29 pessoas foram vítimas de homicídios, segundo informou na manhã deste sábado a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Desde o começo da greve, já foram registrados 64 assassinatos.

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O governador da Bahia, Jaques Wagner, descartou uma ação de reocupação da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), no Centro Administrativo, que desde a última quarta-feira está ocupada por centenas de policiais militares, liderados pelo ex-PM Marco Prisco. Ele e mais 14 grevistas da corporação são alvos de mandados de prisão já expedidos pela Justiça.

Prisco argumenta que os grevistas não são responsáveis pelos atos de vandalismo vividos em Salvador desde que a greve foi deflagrada. Ele disse que, por iniciativa espontânea do movimento, 16 viaturas trazidas por grevistas para a frente da Assembleia Legislativa serão devolvidas.

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Segundo Wagner, esta atitude não significa que os 15 mandados não sejam cumpridos. "As Forças que estão aqui estão procurando cumprir os mandados", afirmou.

Prisco chegou na tarde deste sábado à assembleia e alertou que, se for preso, vai haver um caos incontrolável na cidade.

"A única saída para a greve é a negociação", advertiu. A identificação dos grevistas deverá ser facilitada por imagens captadas por 46 câmaras da Companhia de Governança Eletrônica de Salvador (Cogel), colocadas à disposição das Forças pelo prefeito João Henrique.

Cardozo informou que, após reuniões com o governador baiano, o general José Nardi, a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, e o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Coimbra, voltaria à Brasília ainda neste sábado. O comandante da 6ª Região Militar, general Gonçalves Dias, vai estar à frente das operações.

Wagner considerou como "parte da estratégia do grupo criminoso" a divulgação de que ele teria mandado invadir a Assembleia Legislativa. A ordem, afirmou o governador, era para recuperar as 16 viaturas que os amotinados tomaram posse.

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Clima de insegurança, caos e violência em Salvador

No quinto dia de paralisação, o clima de insegurança permaneceu na cidade. A onda de assaltos, mortes, saques a estabelecimentos comerciais, arrombamentos e muitos boatos continuou neste sábado.

O policial civil João Carvalho Filho, de 47 anos, foi morto a tiros, no bairro do Itaigara, por volta das 9h. João havia saído do plantão às 8h e esperava a esposa em um consultório médico quando foi atacado por homens armados e atingido por cerca de 13 disparos. O policial chegou a ser encaminhado para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos. João estava lotado na Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI).

Às 3h da madrugada de sábado, a loja Top Móveis, na Estrada das Barreiras, no bairro do Cabula, foi arrombada e incendiada. Segundo um morador do local, que não quis se identificar, nenhum objeto foi levado. De acordo com informações de moradores, os bombeiros, quando informados sobre o incêndio, se recusaram a ir ao local sem escolta da polícia e só apareceram horas mais tarde. Procurados pelos moradores, os policias se recusaram a ajudar e agrediram verbalmente vizinhos e a dona do estabelecimento.

O supermercado G Barbosa, na avenida Ogunjá, também foi saqueado na madrugada de sábado. Foram levados televisões, computadores e bebidas. As 15 pessoas suspeitas de participar do roubo ainda não foram identificadas. Foram registrados, ainda, mais dois arrombamentos durante a madrugada: na loja da Cesta do Povo, no bairro do Comércio, e na Ricardo Eletro, na Baixa dos Sapateiros. Na Cesta do Povo, a loja teve a janela lateral danificada e diversos produtos furtados. Na Baixa dos Sapateiros, criminosos arrombaram a porta principal da loja e levaram eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

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A Casa de Iemanjá, na colônia de pescadores do Rio Vermelho, também não foi poupada da onda de violência. Na manhã de sábado, criminosos arrombaram a janela da casa e levaram o cofre com uma a quantia de aproximadamente R$ 600 em moedas, depositadas pelos fiéis na quinta-feira, dia da festa de Iemanjá.

Até às 13h, a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos registrou seis carros roubados em Salvador e região Metropolitana. Três dos veículos foram roubados em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador.

Disparos contra a fachada de duas agências do Banco do Brasil de Barreiras, oeste baiano, bem como em estabelecimentos comerciais e a TV Oeste (afiliada Globo) foram ações de criminosos.

Com um mercado no bairro Vila Rica, Fernando Vieira, 41 anos, disse assustado que não abrirá sua loja: "Com os PMs trabalhando, nós já vivemos com medo, pois eles não dão conta de tudo. Agora (com a greve na PM), não estou nem querendo abrir as portas", disse, ressaltando que tem ouvido muitos tiros à noite.

A situação de pânico entre a população também desencadeou medidas preventivas, como o cancelamento das aulas na Faculdade Unyhana na segunda-feira. O diretor da instituição, Leonardo Almeida, destacou que no início da próxima semana a direção vai avaliar as condições da segurança na cidade e decidir quando retoma as aulas.

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