Brasília Com a reforma ministerial praticamente concluída, os partidos da base aliada brigam, agora, pelos cargos do segundo escalão federal. A disputa envolve cifras impressionantes. Juntos, PT, PMDB, PP, PR e PSB disputam um orçamento de pelo menos R$ 6,2 bilhões, considerando-se apenas presidências e diretorias de estatais como Eletrobrás, Eletronorte, Furnas e Banco do Nordeste e de órgãos estratégicos do governo, como a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o setor de portos do Ministério dos Transportes.
Isso sem falar em nacos de poder de grandes empresas, como Petrobrás, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Correios donas de orçamentos colossais para empréstimos e investimentos.
A briga por cargos azedou a relação entre os presidentes das duas Casas do Congresso, já estremecida desde a eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para chefiar a Câmara. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apoiava o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Chinaglia não perdoou está ajudando o PMDB da Câmara na busca de mais cargos e até se recusou a atender aos telefonemas de Renan.
Chinaglia também está decidido a tirar da presidência da Transpetro, subsidiária da Petrobrás, o ex-senador Sérgio Machado (CE), outro apadrinhado de Renan.
O apetite do PMDB continua forte. O partido acaba de ganhar o Ministério da Agricultura e já sonha com o comando da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mas há resistência: embora tenha deixado a Agricultura no ano passado, o ex-ministro Roberto Rodrigues ainda tem ex-auxiliares em postos-chave.
Outro foco de disputa está no Ministério dos Transportes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a adiar a posse do senador Alfredo Nascimento (PR-AM), depois que o PR se declarou contrariado com a decisão de tirar da pasta a gestão dos portos e entregá-la, na forma de uma secretaria especial, ao PSB. Em jogo estão R$ 326 milhões em investimentos privilegiados, incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O PT deve perder um posto estratégico no segundo escalão: a direção geral do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), hoje comandado por um técnico ligado ao partido. O novo ministro da Integração Nacional, o peemedebista Geddel Vieira Lima (PMDB), quer substituí-lo por um nome indicado pelo líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves.
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