O ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, acusado de ter matado duas pessoas em um acidente ocorrido em 2009, viajou no mesmo avião que a deputada federal Christiane Yared, mãe de um dos rapazes que morreu no desastre. Ambos embarcaram em um voo da Tam, que saiu de Brasília (DF), na manhã desta sexta-feira (11).
A aeronave pousou no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais pouco depois das 12h30. Assim que viu que jornalistas aguardavam no setor de desembarque, Carli Filho retornou à área destinada a passageiros e, imediatamente, tirou o telefone celular do bolso. Posteriormente, um funcionário do aeroporto informou que o ex-deputado pediu para sair por uma porta lateral, a fim de evitar dar entrevistas.Um funcionário da Infraero confirmou a informação e disse que Carli Filho solicitou desembarque diferenciado porque poderia ter sua integridade física ameaçada.
Christiane Yared, por sua vez, disse que assim que reconheceu o ex-deputado no avião, toda a dor vivida com a morte do filho veio à tona. “Voltaram todas as lembranças. Para outras pessoas, são sete anos. Para mim, é uma dor eterna”, disse Christiane. A assessoria de imprensa da deputada foi a responsável por informar a imprensa de que ela e Carli Filho estavam no mesmo voo.
Na noite de quinta-feira (10), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, rejeitou um pedido de habeas corpus que havia sido impetrado pelo ex-deputado, na tentativa de cancelar o júri. O julgamento está marcado para os dias 21 e 22 de janeiro de 2016. “Eu espero que o júri faça justiça para os vivos. A justiça precisa prevalecer”, afirmou Christiane.
A deputada contou ainda que ao avistá-la, Carli Flho manteve a cabeça baixa e evitou contato visual. “O fato de ele não atender a imprensa, é um direito dele. Ele tem o direito de se proteger. Espero, apenas, que a justiça seja feita a favor da família”, afirmou.
Entenda o caso
O acidente que tirou a vida de Gilmar Yared e Carlos de Almeida ocorreu em 7 de maio de 2009. Por volta da 1 hora, o Honda Fit conduzido por Gilmar foi atingido pelo Volkswagen Passat, de Carli Filho, na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski, no Mossunguê. Os dois rapazes morreram na hora, e o deputado ficou gravemente ferido.
A defesa do deputado lutou para levar o julgamento ao STJ, em Brasília. Em 2011, o TJ decidiu pelo júri popular. Na mesma ocasião, o tribunal derrubou dois agravantes do processo, o que reduziu uma possível pena, em caso de condenação. O primeiro era de embriaguez ao volante - por considerar que as provas foram sido coletadas de maneira irregular - e o segundo, o fator surpresa.
Com base em um habeas corpus apresentado pela defesa, o STJ abriu a possibilidade de reverter o júri popular, em 2013. Os advogados de Carli alegavam que o processo foi distribuído de forma errônea. O tribunal federal pediu esclarecimentos, que chegaram um ano depois.
Em fevereiro do ano passado (2014), o TJ mais uma vez decidiu pelo júri popular. Na ocasião, o teste que constatou álcool no sangue de Carli Filho foi descartado em definitivo.
Na última segunda-feira (19) expirou o prazo para indicação de testemunhas, o que criou uma expectativa sobre a data do júri. Com a decisão desta quarta-feira, do juiz Leonardo Bechara Stancioli, o julgamento fica para janeiro de 2016, seis anos e oito meses após o acidente.