Hoje à noite, no Memorial de Curitiba, será realizada a escolha de rei momo, rainha e princesas do carnaval curitibano de 2013. Porém, o cortejo corre um grave risco de encontrar um reino vazio, lá em fevereiro. Faltando um mês para o desfile, a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) ainda não repassou a verba destinada às sete escolas do grupo especial. O dinheiro estava previsto para ser liberado em outubro passado, mas o processo ficou preso em trâmites burocráticos. Com a mudança de comando na prefeitura, a nova administração pegou o imbróglio pelo meio, e agora corre para normalizar a situação. Ainda assim, o carnaval curitibano está irremediavelmente prejudicado. Não há tempo para que as escolas, compostas basicamente por voluntários, consigam desenvolver os enredos como haviam planejado.
"Estamos reaproveitando as fantasias do carnaval passado, usando sobras de material e contando com algumas doações. Um ou outro componente tira dinheiro do bolso para fazer compras pequenas um tubo de cola, por exemplo", descreve José Airton de Amorim, dirigente da escola Leões da Mocidade. "Os materiais já estão difíceis de encontrar no mercado, e o que existe está a preço de ouro", completa Barbara Murden, presidente da Acadêmicos da Realeza.
Verba
No ano passado, as agremiações haviam conseguido que a verba para o grupo especial fosse aumentada de R$ 26,5 mil para R$ 40 mil para cada escola. Além disso, haviam solicitado à FCC que antecipasse a liberação. Assim poderiam comprar materiais no período do ano em que o preço é mais baixo. O edital de chamamento público foi lançado em setembro, com a promessa de que o resultado seria divulgado em 30 dias.
O resultado saiu apenas após as eleições municipais, em 22 de novembro. Das sete escolas, quatro não foram habilitadas por problemas na documentação. Com isso, a verba foi retida inclusive a das escolas habilitadas. "Com todo o respeito pelas coirmãs, mas quem não tem nada a ver com o problema foi prejudicado", reclama Altamir Jorge Lemos, presidente da Mocidade Azul, uma das aprovadas. "O dirigente acaba recebendo crítica dos componentes. Eles acham que você não está trabalhando. Não entendem que é um problema político."
As escolas não habilitadas impuseram recurso, que ainda não foi julgado. As agremiações reclamam que alguns documentos novos foram acrescentados à lista, e como montavam a inscrição com base no edital do ano anterior, incorreram numa falha. Uma das escolas, a Internautas, conseguiu se habilitar ao provar que o documento faltante era "inexigível". Barbara, da Realeza, desabafa: "Depois as pessoas dizem que a gente não sabe fazer carnaval. Sabemos, sim. O que não fazemos é milagre".
Você acha que o atraso no repasse de verba irá inviabilizar o carnaval deste ano em Curitiba?
Leia as regras para a participação nas interatividades da Gazeta do Povo e deixe seu comentário abaixo. As mensagens selecionadas serão publicadas.