Sorocaba - Subiu para 70, nesta terça-feira (16), o número de fazendas atingidas pelo chamado "carnaval vermelho" do líder dissidente do Movimento dos Sem-Terra (MST), José Rainha Júnior, no oeste paulista. Novos acampamentos foram montados em fazendas da região de Araçatuba, noroeste de São Paulo, e da Alta Paulista. "Atingimos a nossa meta de apontar as áreas que devem ser destinadas à reforma agrária", afirmou Rainha. "A palavra agora está com o Incra."
Grupos ligados a Rainha acamparam nos limites de mais quatro fazendas da região de Araçatuba. Outros acampamentos foram montados na Alta Paulista e um deles no Pontal do Paranapanema.
Numa das áreas, a Fazenda Paulicéia, em Rinópolis, os sem-terra teriam sido ameaçados por seguranças armados. De acordo com o líder Luciano de Lima, os militantes tinham começado a montar o acampamento na entrada da propriedade, quando foram abordados pela milícia da fazenda. Eles recuaram para evitar o confronto, mas acamparam nas imediações.
Os sem-terra usam a estratégia de acampar fora dos limites da propriedade para não incidir na lei federal que impede a desapropriação de fazendas invadidas. A estratégia do líder dissidente, contudo, não foi observada pelos seguidores em pelo menos seis fazendas, que acabaram invadidas. Na Fazenda Beira-Mar, em Teodoro Sampaio, os sem-terra cortaram as cercas e se instalaram no interior da propriedade. Outros proprietários denunciaram invasões.
RECURSOS - Nesta quarta-feira (17), com a volta do expediente nos fóruns da região após o carnaval, a expectativa é de que muitos fazendeiros recorram à Justiça para evitar que suas terras sejam invadidas. Até hoje, apenas uma liminar de interdito proibitório - proibição da invasão - tinha sido concedida em favor de uma fazenda de Salmourão, na região de Araçatuba. Um fazendeiro de Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, também obteve uma liminar de reintegração de posse, que deve ser cumprida amanhã (17).
De acordo com o líder José Rainha, 60% das fazendas marcadas pelos sem-terra foram consideradas improdutivas pelo Incra. O líder contou que propriedades do governo estadual também foram ocupadas, como protesto contra o governo José Serra.
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