O acidente com um caminhão-tanque que levava 27 toneladas (cerca de 16 mil litros) de ácido fosfórico ontem, por volta das 9h15, na BR-376 sentido Curitiba-Joinville (SC), complicou a vida de milhares de motoristas. O veículo tombou entre o quilômetro 668 e 669, na chamada Curva da Santa, e deixou o trecho interditado durante todo o dia. Por volta das 18 horas, a fila de carros e caminhões era de 26 quilômetros. O acidente também pode ter consequências ambientais: cerca de 2 mil litros da carga vazaram na pista e atingiram o Rio São João, que desemboca em Garuva (SC). Os impactos causados pelo produto tóxico no rio ainda não foram mensurados. Um laudo do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) deve sair em 15 dias.
A situação dos motoristas que trafegavam na região se complicou ainda mais pela tarde de ontem, quando dois caminhões bateram no desvio que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) havia feito no quilômetro 667 para liberar o fluxo de motoristas. Um dos veículos quebrou e o outro colidiu levemente. Ninguém se feriu e esse trecho foi liberado às 16 horas.
O motivo provável do acidente com o caminhão-tanque, segundo a PRF, foi que o motorista Marco Ruiz perdeu o controle do veículo por estar em uma velocidade maior do que a indicada para a curva, que é de pequeno raio. "Quando o motorista está andando em uma velocidade maior do que 40 quilômetros por hora pode ocorrer um acidente facilmente ali", disse o adjunto de unidade do Posto Alto da Serra, da PRF, Silvanei da Cunha.
Ruiz, que presta serviço para a empresa argentina Moreiro, de Buenos Aires, trazia a carga do interior de São Paulo para Córdoba, na Argentina. Ele bateu na traseira de outro ônibus na curva e tombou. Nenhum dos motoristas ficou ferido. A PRF realizou teste do bafômetro e o resultado foi negativo para dosagem alcoólica.
Defesa
O motorista contou que perdeu o controle do caminhão, que o freio "não adiantou" e que o outro veículo estava andando "muito devagar". Ruiz é caminhoneiro há 18 anos e diz nunca ter se envolvido em um acidente.
O inspetor da PRF Ricardo Pasqualini, que fez o atendimento no local, afirmou que Ruiz pode ter batido por não conhecer bem o trecho.
O transbordo (transferência da carga) começou a ser feito por volta das 17 horas e levou quatro horas para terminar. Foram montadas barreiras de contenção com terra para evitar que outros eventuais vazamentos atingissem o rio. A previsão da PRF, até o fechamento desta edição, era que o trecho fosse liberado por volta das 23 horas de ontem.
Impacto
Segundo o coordenador de meio ambiente da Auto-Pista Litoral Sul, Sadek Abou-Rafeh, o ácido fosfórico é corrosivo e pode modificar o pH da água. Porém, a quantidade foi pequena, o que pode evitar impactos no rio e entorno. Os técnicos da Litoral Sul, IAP e Fundação do Meio Ambiente (Fatma) fizeram coleta de água, plantas e solo para verificar danos. O laudo, segundo o IAP, será divulgado em um prazo de 20 dias. O analista ambiental da Fatma, Jovani de Andrade, explicou que o rio não abastece nenhuma cidade da região, o que afasta a possibilidade de contaminação de pessoas. "O importante é que a população que vive próximo não use a água", salientou.