Avô herói| Foto: Reprodução Rede Globo

A partir de março, 34 escolas estaduais e municipais de Curitiba vão receber "agendas" para adolescentes com idade variando entre 13 e 19 anos. O material foi elaborado pelo governo federal e traz dicas de beijos, hobbies, jogos, livros e filmes que falam sobre aids e outras doenças sexualmente transmissíveis. Mas mesmo antes da distribuição do caderno, que é parte do programa federal "Saúde e Prevenção nas Escolas – Atitude para curtir a vida", o seu conteúdo já está causando polêmica, por tratar de maneira natural um assunto que para muitos ainda é considerado tabu: a iniciação e a atividade sexual na adolescência.

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O tema é mais um capítulo na discussão do sexo nas escolas. No início de janeiro, o anúncio do governo federal sobre a instalação de máquinas de preservativos (semelhante às de refrigerantes) nos colégios dividiu a opinião pública. De acordo com a Coordenadoria Nacional de DST/Aids, a cartilha será usada em aulas de comportamento sexual nas escolas de todo o país.

Em Curitiba, o projeto atinge cerca de 15 mil estudantes. "O material é uma complementação para um trabalho que vem sendo feito desde 2003 sobre orientação sexual e prevenção de problemas como a gravidez precoce e as DSTs", explica a coordenadora do programa em Curitiba, Mariana Thomaz, da Coordenadoria de Aids da Secretaria Municipal de Saúde.

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Em linguagem informal e desenhos em quadrinhos, a agenda compila assuntos como dicas e mitos sobre a masturbação masculina e feminina. Outra polêmica abordada no caderno são as chamadas "ficadas" – relacionamentos relâmpagos, populares entre os adolescentes. Em duas páginas, a cartilha expõe curiosidades sobre o beijo e incentiva o jovem a relacionar as suas "ficadas" mais "espetaculares" (veja infográfico).

De acordo com a coordenadora do Programa Nacional DST/ Aids, Mariângela Simões, o objetivo é entrar no mundo dos jovens para mostrar a importância de preservar a auto-estima, a saúde e a razão. O intuito, segundo ela, não é estimular o jovem a iniciar a vida sexual, preocupação de especialistas ligados na área. "Falar em ficar, por exemplo, não é induzir o jovem a ficar mais e sim orientá-lo, porque queiram os pais ou não, o jovem é que vai decidir quando transar pela primeira vez", afirma Mariângela.

Confidencial

A cartilha, intitulada "Caderno das Coisas Importantes – Confidencial", foi elaborada por técnicos do Ministério da Edu-cação e da Saúde e testada em escolas do Distrito Federal. A expectativa é de que cerca de 400 mil cadernos sejam distribuídos nas escolas do país. Entre os assuntos com mais espaço está o uso correto do preservativo masculino, que deve ser distribuído nas escolas para os alunos que têm entre 13 e 19 anos. São duas páginas com "teste" de conhecimento sobre a camisinha e um passo-a-passo para introduzir o item na relação sexual.

"A cartilha nos alerta para o fato de que nossos jovens transam, beijam e muito, ou pelo menos têm desejo, e gostam e precisam conversar sobre isso", aponta a doutora em Educação Araci Asinelli da Luz, que está "entusiasmada" com o projeto. "Neste contexto das descobertas, os medos, os mitos, estão muito presentes. Então, sugerir músicas, filmes, livros que estão disponíveis no mercado e que geralmente são vistos sem nenhuma preocupação crítica, é um recurso pedagógico importante", afirma.

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De acordo com a coordenadora do programa em Curitiba, antes de usar a cartilha em sala de aula, os professores passam por uma capacitação para falar sobre o assunto. Desde 2003, quando foi implementado o projeto, quatro turmas por ano são formadas para discutir e orientar os adolescentes sobre o assunto. Como exemplo de resultado, Mariana cita a redução do índice de adolescentes grávidas na área da Unidade de Saúde Vila Esperança, que passou de 38% para 16%.

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