Apenas dois dias depois do início da campanha “Da proibição nasce o tráfico”, o consórcio responsável por parte dos ônibus intermunicipais da Grande São Paulo, removeu os cartuns dos cartunistas Laerte, Angeli e André Dahmer de seus vidros traseiros.
Os trabalhos, que incluem também cartuns de Arnaldo Branco e Leonardo, foram feitos especialmente para a campanha, que critica a guerra às drogas e afirma que esse modelo falha em garantir mais segurança e em reduzir o consumo de drogas. Os organizadores haviam contratado uma empresa de publicidade para fazer a veiculação por 30 dias, em 40 coletivos.
Segundo Julita Lemgruber, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, a remoção dos cartazes aconteceu por determinação do EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) alegando que poderiam significar apologia às drogas.
“Fiquei chocada. Essa campanha esteve nas ruas do Rio, em ônibus municipais e intermunicipais, por 30 dias. Chamou a atenção, foi muito divulgada. E chega a São Paulo, fica dois dias na rua e a EMTU determina a retirada (...) É um equivoco, a gente vai recorrer à justiça”, afirmou.
O centro de estudos, que está vinculado à Universidade Candido Mendes, no Rio, foi o responsável pela realização da campanha, com o apoio da entidade americana Open Society Foundations.
“Nós estamos chamando a atenção para os males provocados pela guerra às drogas, pela violência causada pela guerra às drogas”, afirma Lemgruber. “Vamos pensar numa nova política para lidar com as drogas. A atual é obtusa, hipócrita, que acredita que pode derrotar o mercado ilegal pela violência”.
A EMTU afirmou que a retirada dos cartazes foi decidida pelo consórcio Intervias. Procurado, o consórcio disse que determinou a remoção após constatar que a campanha não tinha sido submetida à EMTU, o que seria uma exigência contratual. A continuidade da veiculação poderia render multa ao consórcio.
O gestor técnico do consórcio Pedro Kassab afirmou que a remoção dos cartuns aconteceu independente de qualquer discussão de mérito. “Se fosse uma marca de refrigerante seria retirado do mesmo jeito”, afirmou.
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