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Solidariedade

Casa, comida e inclusão

Dividir o que se tem com o próximo, sem preconceitos. Ex-porteiro, o londrinense Márcio Eduardo Silva, 32, leva este lema bem a sério. Há aproximadamente um ano, ele abriu a casa onde morava sozinho, no Jardim Pindorama, para dependentes químicos interessados em deixar as drogas e sair das ruas. O convite também foi estendido a ex-presidiários e outras pessoas em situação de vulnerabilidade social que, aos poucos, chegavam até ele. Com o nome de Casa Verde – em alusão à cor da residência –, a iniciativa de Márcio já recebeu cerca de 30 pessoas nos últimos seis meses e acaba de vencer o Prêmio Londrina de Cidadania, promovido pelo Observatório de Gestão Pública do município.

Mais que abrigo e alimentação, o rapaz foi em busca de parceiros para oferecer oficinas aos moradores da Casa Verde. A turma tem oportunidade de aprender artesanato, frequentar reuniões dos narcóticos anônimos e ter atendimento de saúde bucal e assistência social. Toda essa mobilização partiu da insatisfação do dono da casa ao ver pessoas vivendo nas ruas, entregues ao tráfico de drogas. Márcio começou oferecendo café da manhã a elas, depois acolheu duas ou três. Sentia, no entanto, que ainda era muito pouco dentro do que estava disposto a fazer. Passou a acolhê-las em número maior. Desde então, a Casa Verde recebeu até 13 pessoas ao mesmo tempo.

"Vejo no Evangelho um Cristo que andava com os excluídos e isso me motiva" define Márcio, sem se incomodar em fazer um trabalho que, para algumas pessoas, deveria ser encabeçado pelo poder público. "Isso também é responsabilidade nossa, é papel do cidadão. Se você vê alguém passando necessidade e finge que não vê, está agindo errado. Todos podemos fazer alguma coisa", diz.

Hoje, Márcio e oito pessoas vivem na Casa Verde. O espaço é modesto – sala, cozinha, dois quartos e banheiro, e os moradores dividem funções como cozinhar e cuidar da limpeza. Márcio, que dorme na sala, afirma que leva uma boa convivência com cada um dos que acolheu. "Aprendi a me adaptar com tudo isso. Eles são os meus amigos hoje", comenta. Todos podem permanecer na casa pelo tempo que quiserem.

Com o prêmio do Obser­vatório, R$ 5 mil, o ex-porteiro já planeja uma reforma para oferecer refeitório e mais banheiros no local. Outro projeto é usar um terreno baldio nas proximidades para ministrar oficinas a crianças do bairro. Ação deve ter mão de obra voluntária e contar com uma campanha na internet para arrecadar dinheiro para materiais de construção. A previsão é que as atividades com a comunidade tenham início em março próximo.

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