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Em cinco décadas, a Casa do Estudante Universitário (CEU), no Centro de Curitiba, recebeu diversos prefeitos, governadores e presidente da República – Juscelino Kubitschek inaugurou o edifício em 1956 –, abrigou cerca de 20 mil rapazes e conquistou o título de maior instituição para estudantes da América Latina. No período, porém, não sofreu nenhuma reforma geral na sua estrutura. Com sérias deficiências hidráulicas e elétricas, a casa enfim passará por reforma. Um convênio para a obra será assinado pelo prefeito Beto Richa na próxima terça-feira.

O acordo destina R$ 2,3 milhões para o restauro, que irá possibilitar a admissão de cem novos estudantes. "Tem muita procura pela Casa do Estudante. O complicado é que às vezes se comete uma injustiça para não superlotar, o que poderia, por exemplo, provocar um curto-circuito", diz o presidente da CEU, Bohdan Metchko Filho. A estrutura original para abrigar 400 pessoas recebe hoje 300.

As paredes descascadas ou sem pintura, fiação exposta, invasão de pombos nos andares superiores, são algumas das dificuldades. Bohdan conta também que problemas no encanamento deixaram, no ano passado, o porão invadido por um metro de esgoto e a cozinha interditada. "As pessoas que olham de fora têm certo preconceito pela CEU. Já fui convidado para dividir apartamento, mas a localização, a amizade e o companheirismo da casa valem mais", opina o Bacharel em Direito, Roberto Ballico.

O secretário municipal de Governo, Maurício Sá de Ferrante, que morou na CEU em 1976, afirma que a reforma será iniciada em setembro, após processo de licitação. "Acho que todos nós que fomos universitários temos ligação com a CEU. O governador José Richa morou na casa. O Beto Richa não, mas sabe da importância dela para as pessoas que moraram ali, muitas delas ilustres", afirma. Dentre os "ilustres", estão o ministro da Agricultura Reinhold Stephanes e o vice-governador Orlando Pessuti.

O edifício foi um dos primeiros prédios públicos com características modernistas na capital, segundo a presidente da Comissão de Avaliação do Patrimônio Cultural de Curitiba, Suely Hass. Em decreto do último dia 5, ele foi intitulado Unidade de Interesse Especial de Preservação.

Dessa forma, os R$ 2,3 milhões para a restauração virá de cotas de potencial construtivo. O dinheiro não sai dos cofres públicos, mas de um fundo mantido pelas taxas de quem expandiu seu lote acima do previsto na Lei de Zoneamento e Uso e Ocupação do Solo. A sede histórica da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da União Paranaense dos Estudantes (UPE) foram restauradas por esse procedimento.

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