Viajar de forma diferente – devagar e com pouco. Esse é o mote da jornada de um casal de ciclistas austríacos que incluiu o Brasil em sua uma aventura pelos continentes americano e europeu. O engenheiro civil Peter Erasim, de 33 anos, e a secretária Cláudia Klambauer, 28, saíram de Mödling, uma cidade de 25 mil habitantes na Áustria, há um ano e sete meses e já pedalaram, deste então, mais de 30 mil quilômetros. Na semana passada, visitaram Curitiba e Foz do Iguaçu.
Foram apenas seis meses de planejamento desde a decisão de viajar, pedir demissão dos empregos e sair de casa. O roteiro começou ainda pela Europa, percorrendo desde a Alemanha até a Escócia de bicicleta. Em seguida, o casal foi de avião até a Islândia e, depois, rumo ao Canadá. “Nas primeiras semanas, ainda estávamos viajando rápido. Fizemos dez países em dois meses e meio”, conta Cláudia.
Até caírem na estrada, viver com o que consideram suficiente já fazia parte da rotina do casal, porém não de forma tão radical, conta Peter. “Nós já não tínhamos smartphone, carro ou televisão. Agora, depois dessa viagem, cremos que podemos viver com muito menos. Não é necessário muito para ser feliz”, comenta o viajante.
Hoje, toda a bagagem dele e a da companheira soma cerca de 25 quilos, incluindo uma bicicleta alemã que os transporta. Nos alforjes, vão ainda agasalhos e equipamentos de sobrevivência na estrada, como barraca para acampar e um pequeno fogão. A cada lugar novo que chegam, Peter e Cláudia buscam dicas com a própria comunidade de locais seguros para pernoitar. Em alguns casos, eles usam plataformas de hospedagem gratuita, como o Couchsurfing, para encontrar anfitriões dispostos a recebê-los.
Momentos tensos e positivos
Os episódios mais intrépidos da viagem começam justamente quando os ciclistas foram para o México. Na região de Chiapas, Peter e Cláudia se viram em meio a protestos, que resultaram em policiais feridos e casas e carros incendiados. Já na Colômbia, Cláudia teve dengue e precisou ficar se tratando durante dez dias. “Do Panamá para Colômbia, também tivemos que atravessar a fronteira de lancha no mar. Não tinha como fazer por terra”, assinala Peter.
Ainda assim, o casal afirma ter tido mais experiências positivas do que negativas pelo caminho. Tem sido comum, por exemplo, Peter e Cláudia receberem água engarrafada de desconhecidos onde a água das torneiras não é potável. “Encontramos muitas pessoas que nos ajudam, a hospitalidade é a melhor parte de toda a viagem. Bombeiros também nos ajudaram com comida”, diz o engenheiro, que acredita que esse apoio aos viajantes é ainda maior na América do Sul.
Cataratas do Iguaçu
Antes de chegar ao Paraná, o casal passou pela Argentina e Uruguai. Eles, que já haviam visitado as cataratas do Niagara, nos Estados Unidos, e de Dettifoss, na Islândia, ficaram encantados com o que viram em Foz do Iguaçu. “Achamos as cataratas daqui bem maiores que as do Niagara. É muito diferente, lindo”, define Cláudia.
São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza são as próximas paradas do casal até o retorno para Europa, por meio de um voo para Portugal. Os ciclistas ainda devem pedalar mais cerca de quatro meses até voltar ao ponto de partida da viagem. A ideia é passar pela Espanha, França, Itália e Eslovênia e só então chegar à Áustria. Toda a jornada da dupla pode ser acompanhada pelo blog We Cycle the World.
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