Um casal de extrativistas, líderes do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, foi assassinado na manhã desta terça-feira na comunidade de Maçaranduba, a 50 quilômetros do município de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Maria do Espírito Santo da Silva e José Claudio Ribeiro da Silva eram nativos da região e integrantes do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), organização não governamental (ONG) fundada por Chico Mendes.
O diretor da Regional Belém do CNS, Atanagildo Matos, afirmou que o casal já havia sido ameaçado diversas vezes. Ambos eram bastante ativos dentro do projeto desde sua criação, em 1997, e já tinham presidido a associação de moradores da comunidade. Segundo Matos, eles fizeram inúmeras denúncias na Polícia Federal, no Ministério Público e em órgãos como o Ibama e o Incra sobre as irregularidades ambientais cometidas na região, como extração ilegal de madeira, e isso motivou diversas inimizades.
Matos afirmou que Maria e José Cláudio morreram após cair em uma emboscada pela manhã. O CNS já formalizou um pedido para que a Polícia Federal investigue o assassinato. "É muito dolorido, era um casal muito querido, muito prestativo. A gente está muito desfalcado, a situação está muito complicada", disse o diretor regional, ainda abalado pela notícia.
Segundo nota divulgada pelo CNS na tarde desta terça-feira, as ameaças contra a vida do casal de extrativistas começaram por volta de 2008. De acordo com familiares, desconhecidos rondavam a casa de Maria e José Cláudio, geralmente à noite, disparando tiros para o alto. Algumas vezes, chegaram a alvejar animais da propriedade do casal.
O Fórum da Amazônia Oriental (Rede Faor) também divulgou uma nota sobre o assassinato. No texto consta que "José Cláudio há muito estava marcado para morrer, desde que começou a denunciar o desmatamento e a extração ilegal de madeira na região. Mais uma vez tombam aqueles e aquelas que insistem em defender a floresta".
O Projeto de Assentamento Agroextrativista (Paex) Praialta-Piranheira situa-se à margem do lago da hidrelétrica de Tucuruí e possui atualmente uma área de 22 mil hectares, onde encontram-se aproximadamente 500 famílias. Além do óleos vegetais, o açaí e o cupuaçu, frutas típicas da região, garantem a renda de muitas famílias.
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