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Umuarama – O desejo de morar e ganhar a vida na Inglaterra se tornou um drama para um casal de Umuarama (Noroeste do estado), que perdeu a guarda do filho após uma decisão da Justiça britânica. Roberson Tavares dos Santos, 25 anos, e a esposa, Flávia Aline Boreski, tiveram de voltar ao Brasil fugidos em setembro do ano passado porque estavam ilegais no país. Santos foi acusado de maus-tratos contra o próprio filho Edyglaison Martins dos Santos, de 3 anos, que ficou sob a guarda da Justiça da Inglaterra. Edyglaison sofre de uma doença rara, a Síndrome de Wiscott Aldrich (SWA), semelhante à leucemia, e que provoca sangramentos pela pele, boca e nariz.

Por causa disso, a polícia achou que a criança era espancada pelos pais, mas um exame médico diagnosticou a SWA poucos dias depois que o pai deixou a Inglaterra. Mesmo desfeita a suspeita de maus-tratos, as autoridades inglesas não querem deixar Edyglaison voltar ao Brasil sem uma garantia de que o tratamento de saúde ao qual ele está sendo submetido na Inglaterra terá continuidade. Por decisão da Justiça britânica, a criança está hoje sob os cuidados de uma família inglesa na cidade de Grimsby (no Nordeste da Inglaterra).

Santos disse ontem que não está conseguindo apoio das autoridades brasileiras para recuperar o filho. Desde setembro, quando saiu às pressas da Inglaterra para não ser preso, ele viu Edyglaison duas vezes pela internet porque a mãe dele (avó da criança), que mora legalmente na Inglaterra, conseguiu autorização para ver a criança por duas horas a cada dez dias e fez imagens do menino.

Acusação

O drama começou quando Santos e Flávia, que não é a mãe biológica do menino, buscaram socorro para o menino no hospital. Lá, eles dizem ter sido tratados como criminosos porque os médicos suspeitaram que a criança teria sido agredida. Um mandado de prisão foi expedido contra Santos e a polícia chegou a fazer buscas na casa do irmão dele, Cléberson Tavares dos Santos, que tem nacionalidade européia e mora há seis anos na Inglaterra. Santos veio embora antes de ser preso. Três dias depois, um laudo médico atestou que se tratava de uma doença e não de agressão física. O mandado de prisão foi suspenso, mas a criança ficou internada por 15 dias e não foi liberada para a família brasileira.

Edyglaison é o único filho de Santos, nascido do primeiro casamento em Umuarama com Rosineide Martins, com quem ele diz não ter mais contato. Segundo ele, a criança sempre teve problemas de saúde por causa das alergias no intestino, pulmão e pele. Só depois do internamento na Inglaterra, o casal ficou sabendo que a criança também sofria de outra doença.

Excesso

A família diz que a Justiça britânica é bastante rigorosa com qualquer causa envolvendo crianças. Até mesmo um tratamento de saúde é fiscalizado e não pode ser interrompido. Por isso, o pai acha que a Justiça de lá quer uma garantia de que o menino não vai ficar sem assistência médica no Brasil para liberá-lo. Um advogado inglês indicado pelo estado é o contato da família na Inglaterra, além da assistente social responsável pelo caso. Mas o pai reclama que eles nunca passam informações consistentes.

O pior é que, por causa das alergias, a criança não pode consumir uma série de alimentos e os pais acham que a família inglesa está se preocupando mais com os sangramentos do menino e deixando de restringir a alimentação, o que pode piorar a saúde dele. "Na imagem mais recente que a minha mãe mandou, o menino estava com várias feridas pelo corpo e isso é provocado pelos alimentos que ele não pode consumir, como leite e derivados, chocolate, peixe, frango e outros", disse o pai.

O tio do menino, Cléberson, também saiu da Inglaterra com medo de perseguição, mas vai retornar no fim do mês para a casa onde ficou apenas a mãe dele. Avó e tio vão tentar junto às autoridades brasileiras na Inglaterra o apoio para ficar com a criança. Por enquanto, outro contato deles é pelo Itamaraty.

A assessoria de imprensa do Itamaraty informou que a família deve continuar mantendo contatos com a Divisão de Assistência Consular ou poderá pedir ajuda na justiça local.

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